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Sexta-feira, 25.09.15
«portugal a cores nos séculos XVIII e XIX»
O conceito da criação deste livro é juntar palavras exageradas, preconceituosas mas também verdadeiras de viajantes estrangeiros em Portugal nos séculos XVIII e XIX com imagens da vida social portuguesa do século XX, coloridas artificialmente. Como apresentação citemos a frase de 1726 do viajante Brockwell: «Podemos dizer que Portugal é um dos melhores, mais agradáveis e mais belos países do mundo mas que é habitado por uma nação que não merece tão deliciosa pátria». Outro viajante em 1809 (Bourgoing) afirma: «Os portugueses são vingativos, vis, frívolos, zombeteiros, excessivamente presunçosos, invejosos e ignorantes mas amam o seu país, são generosos na amizade, leais, sóbrios e caridosos.» Já antes, no ano de 1799, Croker tinha escrito: «Os homens portugueses descendem de uma mistura de judeus, mouros, negros e franceses e parece que reservaram para si as piores características de cada povo; pelos vistos as mulheres ganharam com estas misturas o que os homens perderam.» Sobre a beleza das gentes afirma Murphy em 1795: «As pessoas mais bonitas de ambos os sexos podem ser encontradas na Estremadura; a varíola não ataca aqui com a mesma violência do que nos climas mais frios.» Em viajantes não faltam palavras sobre as estradas: em 1829 Kinsey escreve sobre o Algarve («Em nenhum lado se encontram estradas tão más») e já em 1820 Graham tinha escrito - «As mulas e os burros são o meio de transporte habitual no país e, como seria de esperar, as suas estradas são deploráveis». Curiosa é a visão de viajante KInsey em 1829 sobre doenças: «Um dos principais meios de cura consiste na estrita observância do sistema do Caldo de Galinha, que é, invariavelmente, o remédio recomendado para todas as doenças.» Tal como a visão da Justiça em 1730 num texto anónimo: «Por todo o lado a justiça avança com extrema lentidão, quer pelos subterfúgios usados pelos advogados, no qual são excelentes, quer pela indolência ou incapacidade dos juízes.» Por fim, assinado por Albon, um diagnóstico de 1782: «Sem indústria, sem ofícios, sem agricultura, Portugal tornou-se dependente e tributários das outras nações da Europa. As minas de ouro do Brasil produzem anualmente sessenta milhões e o Estado gasta setenta pelas mercadorias que recebe do estrangeiro.» (Editora: Publicações Serrote, Texto e imagens: Nuno Neves, Revisão: Fernando Villas-Boas, Tradução: Helge Dascher) --
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por
José do Carmo Francisco
às 14:09
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