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Transporte Sentimental



Sábado, 10.05.14

novas leituras de 2009 - joaquim do nascimento

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São 14 crónicas de revisitação («Nasci nos Pereiros e ali vivi até aos doze anos») e daí o subtítulo - «Quotidianos de uma aldeia do Alto Douro - 1930-1980». A geografia sentimental é vasta: «A fonte da aldeia, a azenha ou lagar do azeite e o forno, tal como a igreja, as capelas, o cemitério, as tabernas, ou sotos quando vendiam tecidos, a escola do Combro e as salas de aula que precederam esta, se alguém ainda as conseguir identificar, os velhos caminhos, o rio e os seus açudes e pontes, o moinho da tia Elisa, a caminho de Valongo mas ainda do lado de cá do rio, tudo isto constitui a memória colectiva do povo dos Pereiros». Tudo começa na paisagem («As árvores da minha terra são os sobreiros, embora uma ou outra oliveira de tronco carcomido pelos anos possa figurar em segundo lugar») e acaba no povoamento: «Nos Pereiros, ao pedreiro, ao carpinteiro, ao ferreiro, ao ferrador, ao sapateiro chamava-se artista». Fiquemos pela crónica sobre a carreira: «Mais do que o seu percurso entre a Meda e o Pinhão, a carreira era para nós a velha camioneta que vinha todos os dias e nos ligava pela EN 222 à Vila, ao Comboio e ao Mundo. A carreira da Meda ou a carreira da Viúva passava todas as manhãs, pelas oito e trinta minutos a caminho do Pinhão e regressava às quatro e meia da tarde. Mostrar-se na Avenida para ver passar a carreira constituía a actividade social mais importante da gente da Vila e não vestir a melhor roupa para solenizar esse momento podia desqualificar um cidadão. Nesse curto intervalo desfilavam pela Avenida funcionários, artistas, comerciantes, desocupados, donas de casa virtuosas e meninas casadoiras, bisbilhotando quem tinha chegado e imaginando o destino de quem seguia». (Editora: Padrões Culturais, Capa: Mário Andrade, Apoio: Associação Amigos de Pereiros) --

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por José do Carmo Francisco às 12:34


1 comentário

De Joaquim Nascimento a 11.05.2014 às 14:08

Obrigado, poeta, por se lembrar da minha terra e de mim.
Estive lá, agora pela Páscoa, e não lhe escondo que já não há carreira da Viúva onde você suba segredando com Fernanda, mas vim confortado por voltar a ouvir o meu rio Torto a cantar com a alegria dos velhos tempos, correndo de pedra em pedra, uma água sem outro sentido para além da música, pois já ruiu o moinho da tia Elisa e ninguém sai à tardinha a regar a horta e o batatal. Vem tudo de fora, poeta, o pão e o caldo e os frangos, vá lá a gente saber de onde!
Ainda lhe hei-de mostrar o meu rio e a estrada nacional 222 e todas as suas curvas, da nascente à foz.

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