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Sexta-feira, 01.05.15
josé correia tavares «olhando as margens»
Depois de «O grande livro dos cães» (2009) e «Os sinais da viagem» (2011) José Correia Tavares regressa com este livro de 432 quadras -240 em «Olhando as margens» e 192 em «À beira do mar». A quadra é, neste autor, sempre lapidar no que integra de concisão, brevidade e sabedoria. O seu já hoje clássico «Beijos e pedradas» é uma crítica arrasadora à sociedade do seu tempo. José Correia Tavares refere a guerra colonial: «Em bem maiores assados / Já me vi que vejo agora / Quando sem sermos soldados / Nos fizeram ir embora». A emigração está presente numa quadra: «A volta ao mundo dez vezes / Mesmo em zonas imprevistas / Encontrei os portugueses / Raramente eram turistas». O país merece uma pergunta: «Bem sei que tanto vos faz / Mas não sereis afinal / Só olhando para trás / Novas estátuas de sal?». Depois uma constatação: «Há muitos talvez por vício / Na cauda sempre no fundo / Nós em fogos de artifício / Somos campeões do mundo». Por fim, um olhar para o futuro: «Na maré nova que vem / Pois nas veias já se sente / Não preciso de ninguém / A não ser de toda a gente». A crítica não inibe o poeta de sorrir: «Depois dum longo fadário / Nada me correndo bem / Eu saio aqui no Calvário / Já não vou até Belém». Outro exemplo: «Candidata à autarquia / Bonita lhe digo assim / Votar em ti votaria / Tu a urna, eu boletim.» Ou então: «Um lugar na caravana / Para sair desta fossa? / Como és um grande sacana / Vais atrelado à carroça».
A quadra, enquanto tema, faz parte do conjunto: «No espaço tão limitado / Das quadras em que me movo / Cabem presente e passado / Alvores dum mundo novo». Tal como a poesia e os poetas: «Há do plebeu ao mais nobre / Poetas da nossa praça / Que no símbolo do cobre / Levam, pagando ou de graça». Tal como a arte: «Por seu talento ou com sorte / Modestos sem dar nas vistas / Um remédio contra a morte / Inventaram os artistas.» Em especial a pintura: «Embora ponham nas telas / Milhares de pinceladas / Só quando a gente vai vê-las / Ela ficam acabadas». O autor é sempre poeta, seja lembrar Sebastião da Gama («De ninhos por estes ramos / Os ventos contrariando / É pelo sonho que vamos / Se regressarmos sonhando») seja a evocar Camões («Vossas eternas questões / Poeta inculto? Letrado? / Falo a língua de Camões / Também do Mal Cozinhado») seja por fim na despedida: «Livre de todos os medos / Pequeninos, ancestrais / Sem revelar meus segredos / Vou-me embora até jamais». (Editora: Húmus, Prefácio: Cristina Robalo Cordeiro, Capa: António Pedro sobre litografia de Cipriano Dourado) --
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José do Carmo Francisco
às 12:02
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