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Transporte Sentimental



Sábado, 26.09.15

«carlos paredes» de octávio fonseca silva

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O ponto de partida deste livro de Octávio Fonseca Silva (n.1950) é uma afirmação (A «música de Paredes» não existe.) logo explicada a seguir: «Existe um homem semeado no chão do seu país. E dele nasceu . E nele ficou plantado. Num emaranhado eterno de raízes. Tanto quanto tem um coração, tanto quanto tem um cérebro, tem uma guitarra. Um órgão – tão só – como os outros órgãos. A sua música só é a sua música na medida em que o seu sangue é o seu sangue. Um mero fluido orgânico que lhe brota naturalmente das mãos como o amor pela terra e pelo povo lhe brota da alma.» Nascido em Coimbra numa família de guitarristas – Gonçalo (avô), Manuel (tio-avô) e Artur (pai) – Carlos Paredes (1925-2004) foi funcionário do Estado (1949-1960/1974-1986) e só a partir da sua reforma se dedicou a cem por cento à música mas a actividade foi interrompida em 1993 pela mielopatia que lhe prendeu os movimentos. A sua obra discográfica ocupa 23 páginas deste livro e antecede a notícia das colaborações noutras formas de Arte – Cinema, Teatro, Ballet, Poesia e TV. A importância de Fernando Alvim e de Luísa Amaro surge com o merecido relevo neste trabalho de 189 páginas onde também surgem os seus artigos de opinião (em «O Diário» e «J.L.») e o seu prefácio ao livro de José Jorge Letria «A canção como prática social». O conjunto é enriquecido pelas partituras de Paulo Soares de três criações musicais de Carlos Paredes: «Divertimento», «Movimento perpétuo» e «Acção». São aqui recuperadas quatro entrevistas concedidas por Carlos Paredes a Luís Almeida Martins, Sérgio Ferreira Borges, Maria Regina Louro e António Costa Santos. Sobre a música de Carlos Paredes escreveu José Carlos de Vasconcelos: «um misto de memória (vivida) do passado e de saudade (sonhada) do futuro». Se para Rui Vieira Nery estamos perante uma «música eminentemente portuguesa» já para António Victorino de Almeida «Carlos Paredes é uma figura popular mas não é um músico popular». Conclusão, precária embora: «Com José Afonso, com Lopes-Graça, com Giacometti, com Amália, Carlos Paredes vai ficar como referência fundamental da música popular portuguesa e, como tal, dificilmente repetível». Nota final – Este trabalho sobre a vida e a obra de Carlos Paredes revela um aspecto insólito e comum a José Afonso: ambos foram casados duas vezes mas só o nome da segunda esposa surge na biografia. Conheci Carlos Paredes através de José Gomes Ferreira, Wanda Ramos e Joaquim Pessoa e sei muito bem do seu recato em falar da vida pessoal mas este apagamento parece-me um exagero lamentável. (Editora: Mundo da Canção, Direcção editorial: Avelino Tavares, Direcção gráfica e capa: Manuel Jacinto, Partituras: Paulo Soares, Fotos: Luís Paulo Moura, Revisão: Rosa Maria Ferreira, Outras fotos: Fernando Alvim, José Niza e Revista Antena) --

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por José do Carmo Francisco às 11:20



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