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Quinta-feira, 12.07.12
segundo envio Blog
Um livro por semana 290
«A viagem do Tangomau» de Mário Beja Santos
São «Memórias da Guerra Colonial que não se apagam» e há, neste livro de 518
páginas, uma viagem entre dois mundos (Europa e África, guerra e paz) e entre
dois tempos: 1968 (Mafra, Ponta Delgada, Amadora) e 2010 (o território complexo
e o mosaico humano da Guiné). Presente em toda a viagem, a literatura acompanha
o militar como contraponto à realidade que o envolve: Ruy Belo, Sophia, Pedro
Tamen, Ruy Cinatti e Herberto Helder mas também Amândio César, Tomaz de
Figueiredo, Curzio Malaparte, Kafka e Saint-John Perse. Mais tarde lê Sartre,
Conan Doyle, Kerouac, Hemingway, Graham Greene, Steinbeck e Moravia.
Muito antes de descobrir que o aerogramas eram mentiras generalizadas já o
militar se debatia entre o juramento de bandeira («Juro ser fiel à minha Pátria
e estar pronto a lutar e a dar a vida por ela»)e a guerra de guerrilha: «É para
esmagar esta subversão que precisamos de atiradores hábeis». Percebeu que
descolonização era inevitável («o que estudara sobre a presença portuguesa em
África deixara-o desenganado quanto à chamada guerra justa») e nas aulas de
Mafra ouve «críticas ferocíssimas sobretudo quanto às mentiras ou lógica de
pechisbeque porque se defendia o Portugal Imperial, agora Ultramarino.»
Quando volta em 2010 aos lugares da sua guerra, o militar sabe que «não se faz
uma viagem ao passado para amaldiçoar o presente» e o seu discurso aos antigos
comandados é elucidativo: «Quase menino e moço saí de casa de minha Mãe para me
fazer soldado como vós. Os primeiros contactos foram difíceis, nada sabia sobre
os vossos usos e costumes, aqui cheguei de barco e cedo me empolguei por este
pedaço de terra dos negros que me coube por missão ou dever por carta de
perdão. Fiz-me homem entre vós. Venho suplicar-vos que não percam a vossa
nobreza, a vossa postura senhorial a despeito de tanta agrura. O Deus
misericordioso, que nos comtempla, se exulte com a nossa alegria e me perdoe as
faltas e me conceda junto de vós, alcançar a vida eterna. Porque o vosso e o
meu Deus ditam o mesmo mandamento, amarmo-nos uns aos outros como Ele nos
amou».
(Edição: Temas e Debates/Círculo de Leitores, Capa: José Antunes, Revisão:
Pedro Ernesto Ferreira)
José do Carmo Francisco
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José do Carmo Francisco
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