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Transporte Sentimental



Segunda-feira, 26.11.12

outras leituras de 2007

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«Nenhuma palavra nos salva» de Rute Mota

Rute Mota é uma jovem autora (1980) mas convoca no que escreve muita
experiência adquirida nos jornais (como «DN Jovem») ou nas revistas como
«Periférica» e «Pessoal». Há um evidente domínio da linguagem poética que
reflecte sobre o seu próprio modo de criação:
«Tudo quanto escrevo / cabe em dois ou três versos / como por exemplo /
terra-de-ninguém / debaixo dos passos.»
Tal como reflecte também a sua relação com o Mundo:
«Não é poesia isto que faço / tão só corda que entreteço / e agarro / –
para não cair do mundo.»
Os poemas, tal como tudo na vida, não se medem aos palmos. Vejamos a sabedoria
deste três versos: «São os mortos / que sustentam a terra / e a tornam
habitável.»
Entre o inevitável da morte e a fragilidade do amor, o poema é um intervalo:
«Um barco sem nome singra / na memória – a outra vida.»
As palavras são pronunciadas por uma voz mas vários são os sentidos dessa
pronúncia: «Se a voz, pequeno segredo / se desfaz / na voz, outro segredos / se
levantam.»
Um excelente livro de estreia, num volume de 90 páginas com uma poesia de
síntese, alheia ao excesso e fascinada pelo rigor.
(Edição: Livro do Dia Editores, Capa: Rui Gil)
José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 21:59



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