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Transporte Sentimental



Quarta-feira, 25.07.12

Romarias e Livros

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Três ideias num conceito: peregrinação, jornada e festa
Quando uma multidão ou um simples grupo de pessoas se dirige num dia certo
do ano a um lugar sagrado, faz essa viagem por etapas e, depois de andar em
volta do santuário, se diverte entre sol e pó num arraial, podemos dizer
que temos então uma romaria.
No livro «Júlio César Machado no Oeste» organizado por Vítor Wladimiro
Ferreira (edição Museu Municipal do Bombarral) surgem as Festa das Nazaré
que são afinal no Sítio, lugar onde aconteceu o milagre de D. Fuas
Roupinho. O texto é de 1861: «Já lá vêm cobrindo a estrada, os círios uns
após outros! Deixemo-lo entrar, o grande Círio da Prata Grande! Depois dele
virá o das Caldas e, depois do das Caldas, chegará à noite o de Óbidos,
descendo brilhantemente as serranias da Pederneira e alumiando a Nazaré ao
clarão dos seus archotes! A romaria desfilava pela praça e girava três
vezes em roda da igreja. A música rompia a marcha e os anjos encetavam o
cortejo. São três crianças de calção de meia, manta bordada e gorro de
paladino que se aguentam em cima dos seus cavalos e guardam os pés em
enormes estribos de pau. O povo ajoelha, escuta e aplaude. É fabuloso o
número de criaturas que se arrastam de joelhos pela praça! Pelo adro! Pela
igreja!»
No livro «Senhor Santo Cristo dos Milagres» de Paula Simões (edição ELO) as
fotos de Carlos Garcia registam a romaria que tem lugar em Ponta Delgada
todos os anos, cinco semanas após a Páscoa. Iniciada em 11 de Abril de 1700
depois de diversos abalos sísmicos na ilha de São Miguel, a procissão com a
imagem do Senhor Santo Cristo sai do Convento da Esperança , contorna o
Campo de São Francisco, cruza as Porta das Cidade, passa ruas e largos até
se recolher na igreja de São José onde aguarda a celebração da missa no
domingo a seguir. O som das filarmónicas sela a emoção das promessas que
ligam dois mundos: o do Céu e o da Terra.
O livro «Feiras Mercados e Romarias em Portugal através do Bilhete Postal
Ilustrado» (edição ECOSOLUÇÔES) corresponde a uma exposição do Museu da
República e da Resistência, organizada por João Mário Mascarenhas e
comissariada por Pero Barbosa. De Melgaço a Tavira, de Espinho a Elvas, da
Ericeira a Castelo Branco, os postais ilustrados provam como é forte a
relação entre o fenómeno religioso e a feira: «É aqui que mais genuinamente
se mistura o profano e o sagrado na simplicidade da alma e cultura
populares, onde o cheiro da maçã camoesa se confunde com o odor dos círios
prometidos em hora de má sorte (…) A meio da tarde sai a procissão.
Por um percurso que tem a extensão dos séculos, regressando ao altar. E a
restante celebração é festa e arraial, onde as vozes das gentes se apagam
no estralejar dos foguetes e morteiros, no afagar discreto dos corpos ao
ritmo da banda que abafa os gritos da euforia e as lamentações
espontâneas.»
No livro «Um olhar português» (edição Círculo de Leitores) com fotos de
Jorge Barros se incluem diversos textos de vários escritores portugueses:
João de Melo, Viale Moutinho, Lídia Jorge, Al Berto, Mário Ventura, José
Cardos Pires, Hélia Correia, Eugénio de Andrade, Fernando Dacosta, Mário
Cláudio, Francisco José Viegas e Regina Louro. Fernando Assis Pacheco
(1937-1995) assina um texto sobre a romaria de Agosto no Senhor da Serra:
«Às dez da manhã de um dia de Abril de 1991, levado a passeio por
Felisberto Lemos, o amigo livreiro e preclaro cidadão de Coimbra, subi ao
lugar de Vendas de Ceira para o Senhor da Serra com a esperança de que lá
no alto fosse tudo como eu imaginava: uma igreja camponesa, um largo com um
café e um mirante, cães abanando o rabo, solícitos, bons compadres; a um
canto a carreira, acabada de chegar.» Depois de uma passagem pela casa que
foi de João José Cochofel onde outro poeta o visitava (José Gomes
Ferreira), o poeta e jornalista Fernando Assis Pacheco prossegue: «O
bloco-notas garante que na cercadura da igreja, aliás santuário –
sejamos rigorosos com a História – estão cinco bancos de pedra, todos
eles e cada qual de um com o seu santo episódio descrito em azulejaria:
Milagre que fez o Senhor da Serra a Miguel Maria Antunes no ano de
1852…Que fez a Manoel dos Santos, o Velho no lugar do Zambujal, no
ano de 1850… A Manoel Martins, do lugar de Rojela, no ano de 1837.»
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por José do Carmo Francisco às 23:09


1 comentário

De Fandangueiro a 26.07.2012 às 11:22

José do carmo francisco,por lapso esqueceu-se de citar a romaria da Senhora da Agonia (padroeira dos pescadores) em viana do castelo..desde a imponente procissão,folclore com os seus mais belos trajes de portugal.as concertinas e os cantares ao desafio.(já não há tourada,foi proibida e bem pela camara municipa).se gosta de viana,volta,se ama viana fica. é este o nosso mote.apareçam e serão brindados com uma optima gastronomia em todo o nosso distrito.A cidade é bela.

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