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Transporte Sentimental



Quarta-feira, 24.10.12

uma comovida memória para vitor vladimiro ferreira

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Júlio César Machado - «não há neste Mundo senão um perigo»
O livro que estou a ler hoje é «Aquele tempo» de Júlio César Machado
(1835-1890), uma edição «Perspectivas & Realidades» com capa de Rui
Perdigão e organização do meu amigo Vítor Wladimiro Ferreira. Custava
1.5.25$00 em 1989 quando foi publicado, hoje cumpre o seu fadário nos
alfarrabistas mas isso não lhe retira interesse ou valor. Vejamos um
excerto: «Lisboa hoje está sendo, para o que então era, como que outra
terra. Então ainda respirava em tudo singeleza; respirava entusiasmo em
tudo. Era qualquer coisa um acontecimento. Uma extravagância pequena era um
escândalo; chá e torradas depois da uma hora da noite, era uma orgia. Havia
três, quatro heróis, cinco doidos (…)
Uma das memórias mais divertidas de Júlio César Machado tem a ver com o
jornal «O Almadense» que se publicou durante dois anos em Cacilhas: «o
nosso distribuidor era um burriqueiro; quando ele tinha mais que fazer,
distribuíamos nós a folha por aquela rua de Cacilhas adiante, Nicolau de
Brito pelas casas da direita, eu pela das esquerda, Roussado pelo meio da
rua às pessoas que vinham ou iam. Eduardo Tavares de lista de assinantes na
mão, ia indicando os números das portas onde devíamos bater e o nome a quem
era destinado o periódico. Foi uma grande publicação. O que ali se moeu a
Câmara de Almada por causa de um boi que entrava no cemitério por ver a
porta aberta.» Dissertando sobre a vida daquele tempo, o nosso Machadinho
escreve: «Não há neste Mundo senão um perigo – ser fraco. Em um homem
hesitando, saem logo de algum buraco uns poucos que mal se atreviam a
deitar o nariz de fora; se faz concessões, avançam; se recua, comem-no
vivo; se, ao revés disso, vai para cima deles seguindo sempre o seu
caminho, fogem-lhe ou caem-lhe aos pés».
José do Carmo Francisco
--

Autoria e outros dados (tags, etc)

por José do Carmo Francisco às 22:40


2 comentários

De Luis Eme a 25.10.2012 às 10:22

bela memória, de um grande jornalista e escritor, e também da minha Cacilhas....

De Anónimo a 02.10.2020 às 00:23

O vitor Vladimiro foi também meu amigo e ia sendo meu professor em História.

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