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Transporte Sentimental



Sábado, 11.02.17

cascais - do verdeiro ao falso, do legítimo à imitação

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«Oh minha senhora, em Cascais não há primas, são todas tias!» - A frase dirigida a Mafalda Ferro na apresentação de Maria João Bastos que ia cantar um fado no lançamento de um livro num dia de São Martinho, dita por um homem já bem «aviado» de castanhas e água-pé, é identificadora de uma ideia feita sobre uma paisagem e um povoamento. A escolha de Rita Ferro para este texto não é ingénua. Com ela quero significar um conhecimento e uma aceitação. Conheço Rita Ferro há muito tempo, fui visita de suas casas em Rio Maior: Vale de Óbidos e São João da Ribeira. Nasci em 1951 e comecei a trabalhar em 1966. As condições eram estas: ganhava 900 escudos por mês e descontava para o Sindicato 9 escudos mas não podia ser sócio, coisa que só seria possível aos 18 anos. No primeiro ano de trabalho só tive 12 dias de férias e descontava para o Fundo de Desemprego mas se ficasse desempregado não ia lá buscar nada. Apesar disso tudo eu sou amigo e respeito as pessoas de Cascais como a Rita Ferro. Mas não faço confusão entre verdadeiras e falsas, entre legítimas e de imitação. Outro dia na Estrela encontrei um pobre diabo que trata a neta por você e fala à maneira de Cascais mas nasceu num lugar perdido na Beira Alta, entre cabras, pedras e pinheiros. As pessoas de Cascais, as verdadeiras e legítimas dizem caminete por autocarro, remédio por medicamento, redondel por rotunda e enterro por funeral. Os outros, os falsos e imitadores, apenas copiam e mal. Cascais é Ruben A., Fernando Pessoa, Júlio Conrado, Fernando Grade, Rita Ferro, os romances, as crónicas, os poemas, a literatura. Tudo isto vem a propósito de um patrão que quer mais liberdade para despedir os seus brasileiros, indianos, nepaleses e filipinos. Esse apareceu na Internet mas outro que vai pelo mesmo caminho não teve direito a holofotes embora o erro seja o mesmo: há sempre advogados disponíveis para chafurdar no limite entre o Direito e a Justiça. Lembrei-me de 1966 mas estamos em 2017 e ninguém aprendeu nada. Tenho um amigo que chama a essa gente os bimbos de Cascais. Mas Cascais não merece ser associada à pocilga onde se movimentam. Cascais é outra coisa, está acima desse lamaçal. --

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por José do Carmo Francisco às 14:23


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