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Transporte Sentimental



Domingo, 26.02.17

«a vida muda de sete em sete anos»

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Julgo que conheço esta frase («A vida muda de sete em sete anos») do tempo em que colaborei com a Editora CLIMEPSI e lia muitos livros de Psicologia. Outro dia vinha a subir a Rua Garrett e à porta da Basílica dos Mártires um vendedor de fotografias ofereceu-me esta. Trata-se do Bispo D. José Alves Correia da Silva, na Diocese de Leiria entre 1920 e 1957. O meu amigo Jorge Garcia do Círculo de Leitores é que me deu os elementos biográficos e o identificou. O Bispo nasceu em 15-1-1872 e morreu em 4-12-1957. Seja como fôr, a vida muda mesmo de sete em sete anos. Pelo menos a minha vida alterou-se aos 7, 14, 21, 28 e 35. A partir daí foi tudo em velocidade de cruzeiro. Vem tudo a propósito. Ontem li o livro «Nos mares do fim do mundo» de Bernardo Santareno e percebi na leitura do prefácio de Álvaro Garrido que o dramaturgo escalabitano foi militante da JUC em Coimbra onde se licenciou em Medicina. Eu fui militante da JOC em Vila Franca de Xira entre 1961 e 1966 porque não havia JEC. Talvez por isso fui delegado sindical do SBSI entre 1972 e 1996 e tenho uma reforma pequena mas isso é outra conversa. Até aos sete anos vivi em Santa Catarina (Caldas da Rainha) e, como neto e sobrinho do sacristão local, era eu que ia a correr buscar as brasas para o turíbulo da procissão da padroeira. Ainda hoje sei o hino da JOC. O meu avô (1906-1979) quando já não era sacristão foi comigo a Fátima a pé quando concluí o Curso Comercial em Agosto de 1966. Quando eu entrava na sacristia da igreja paroquial olhava sempre para o retrato do bispo José António da Silva Rebelo (1779-1846) a quem dediquei um poema. Sou descendente de um bravo do Mindelo, um Almeida que veio das Flores, e escrevi um poema sobre um bispo miguelista: todos temos direito às nossas incoerências privadas. --

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por José do Carmo Francisco às 12:39

Sábado, 25.02.17

«nos mares do fim do mundo» de bernardo santareno

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Bernardo Santareno (1920-1980) integrou a equipa de médicos da frota bacalhoeira portuguesa entre 1957 e 1959: «David Melgueiro», «Senhora do Mar» e «Gil Eannes» são os nomes dos navios nos quais embarcou. Acontece que tanto a peça «O Lugre» como a narrativa (em forma de testemunho) «Nos mares do fim do Mundo», livros editado em 1959 pela Editora Ática, vieram sobressaltar as visões oficiais da pesca do bacalhau. A oposição do regime ao seu trabalho de escritor foi ao ponto de o jornal «O Pescador» de Dezembro de 1959 omitir o nome deste médico-dramaturgo aquando da chegada do navio Gil Eannes a Leixões. Tratou-se de uma tentativa de morte civil mas sem resultado. Esta nova edição do livro de 1959 conta com dois textos inéditos «Responsabilidade» e «Rebelião», com fotografias novas e com a ficha de inscrição do médico no Grémio dos Armadores de Navios de Pesca do Bacalhau. Num livro de 238 páginas fixemos apenas duas notas. Na comparação entre as amizades no mar e na cidade, escreve o autor: «Que tristes, decepadas e pobres as nossas amizades de cidade: Ai, aqueles nossos cafés, cheios de olhos de abutre, de fumo envenenado pelas miragens do ópio!... O mar humaniza, equilibra, lava e redime…é um baptismo, um crisma: a gente nasce outra vez. E tudo começa: puros fortes, cheios de graça!» Na aproximação ao fascínio do mar pode ler-se: «o mar é puro, leal, generoso…cura todas as chagas, lava todas as manchas! Forte e invencível… O mar é imenso e eterno: é a voz e o olhar de Deus. É forte, invencível: destrói o ódio, o ciúme, a inveja… Só consente o amor.» O título do livro está na página 190: «Dantes, ainda há vinte ou trinta anos, nas aldeias piscatórias do norte, em redor de Ílhavo, quando os homens partiam para os mares da Terra Nova, as mulheres vestiam-se de luto rigoroso. E sepultavam tudo quanto fosse oiro ou prata ou metal luzente… Até a loiça, os pratos brancos onde o sol podia brilhar, até esses eram retirados da vida. E nunca mais, enquanto durava a campanha, a mulher casada dormia no leito conjugal; no quarto sim mas no chão, sobre farrapos de burel, aos pés da cama onde conhecera o amor do seu homem…agora lá longe, sobre as ondas do Oceano, nos mares do fim do mundo.» (Editora: E-Primatur, Prefácio: Álvaro Garrido, Editor responsável: Hugo Xavier, Apoio: Nuno Fonseca) --

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por José do Carmo Francisco às 11:00

Sexta-feira, 24.02.17

dissertação para um olhar da mulher-menina frente ao tejo

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Em Setembro de 1973 eu estava em Évora no serviço militar e ainda havia presos políticos em Caxias. Vinha muita gente do Couço e da Azervadinha que pernoitava em Vila Franca de Xira. No outro dia de manhã tomava o comboio para Santa Apolónia e fazia a pé, para poupar o preço do bilhete de eléctrico, o caminho desde Santa Apolónia ao Cais do Sodré. Em 1974 este olhar assentava as suas coordenadas na colina do Jardim da Estrela, no seu ponto mais alto, o Tejo em frente, a espuma dos cacilheiros que parecia sair do título de um livro de Fernando Namora nesse tempo: «O rio triste». Alguns anos depois esse olhar fixou-se no Cais do Sodré, ainda lá estava o chinês das gravatas, a velocidade dos rebocadores, os pregões das varinas, os apitos dos polícias sinaleiros e os eléctricos de atrelado com as suas campainhas e a sua lentidão. Uma mulher de meia idade, dessas que morrem sem deixar nem amor nem filhos nem saudades, cancelou um dia com um simples carimbo de borracha a entrada desta mulher-menina no Banco Português do Atlântico mas, uma semana depois, essa admissão consumava-se mas no Banco Borges & Irmão. Há neste olhar de mulher-menina uma espécie de cédula que despacha mercadorias: carvão da Silésia, borregos da Nova Zelândia, açúcar de Cuba, cera de abelhas da Guiné Bissau. No passado recente este olhar estava num palco do Sul de França com um rancho folclórico da região de Leiria tal como tinha estado no Verão anterior na apanha da maçã num rancho de raparigas com um capataz inflexível e quase sem tempo para elas fumarem um cigarro na pausa da colheita. Passaram quarenta anos mas o Mundo é o mesmo. --

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por José do Carmo Francisco às 19:36

Quarta-feira, 22.02.17

«guardas de passagem de nível» de carlos cipriano

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Este livro de Carlos Cipriano (n.1963) poderia ter títulos como «Uma cartografia da solidão» ou «A epopeia das mulheres esquecidas». O acidente ferroviário de Alcafache (11-9-1985) deu origem ao livro de João Ricardo Pedro «Um postal de Detroit» e está presente neste trabalho de Carlos Cipriano nas páginas 60 e 72. Considerado no primeiro como «o pior desastre ferroviário» pois «é provável que tenham morrido cerca de 150 pessoas» já neste surge como «o segundo mais grave da história do caminho-de-ferro português» com cerca de 80 vítimas mortais e 170 feridos. O ponto de partida do livro é o retrato das mulheres que, «longe das estações, em modestas casetas à beira da linha, por vezes sem água nem electricidade, cumpriam turnos de 12 e até de 24 horas». Os números não mentem: em Janeiro de 2016 havia 99 guardas de passagem de nível dos quais 95 eram mulheres; em 1961 eram 1646, em 1997 eram 900. Este livro é escrito «em homenagem a estas profissionais esquecidas, hoje em vias de extinção e também aos que, nas estações, zelam pela segurança dos comboios». Há nestas páginas histórias como a de Maria Dolorosa que uma noite de trovoada ficou toda encharcada num abrigo de uma passagem de nível na Linha do Oeste e recebeu roupa enxuta, entregue por um miúdo de dez anos, filho da guarda titular; hoje esse rapaz é o chefe da estação de Leiria e chama-se António Ribeiro. E também dados concretos: «hoje o ordenado base de uma guarda de PN é de 553 euros mas com os subsídios de refeição, de turno e horas nocturnas, pode ir aos 900 ou mil euros». Outro caso: a fuga do rei D. Manuel e a sua comitiva em 4 Outubro de 1910 obrigou a uma paragem na zona da Malveira (Linha do Oeste) para que a guarda lhes abrisse as cancelas quando iam de Lisboa para a Ericeira de onde seguiram para Gibraltar. Tragédias surgem na página 55, 64 e 68. Na primeira entre Aguda e Miramar, uma rapariga atirou-se ao comboio «como quem se atira a uma piscina» e a guarda nada pôde fazer mesmo depois de a ter avisado «Ó menina, afaste-se, tire lá a roda daí!». Na segunda é o dia 25-4-2005 em Darque quando uma guarda destacada se enganou com o telefonema de Viana do Castelo e morreram os dois ocupantes de um automóvel, um homem de 41 anos e uma mulher de 40. A terceira refere o acidente de 2-5-1930 perto de Viana do Castelo com 21 mortos e 15 feridos entre os quarenta passageiros de uma camioneta da carga num dia de festa e romaria. Uma nota final: passageiro de Linha do Oeste desde a infância, habituado a ouvir histórias de meu avô José Almeida Penas que fez o serviço militar em Leiria e era de Santa Catarina (1906-1979) custa-me muito ver a estação do Valado usada apenas para fotografias em dia de casamento. (Editora: Fundação Francisco Manuel dos Santos, Revisão: Susana Vieira, Design: Inês Sena, Foto: Pedro Letria, Director de publicações: António Araújo) --

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por José do Carmo Francisco às 11:01

Domingo, 19.02.17

a casa da rainha em greenwich - dissertação para thomas francisco sutherland

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Há um traço belo, rigoroso e firme neste desenho de Thomas Francisco Sutherland - a Casa da Rainha em Greenwich. O seu autor é um menino de dez anos cujos pais e avós lhe podem ter transmitido a beleza, o rigor e a firmeza do seu próprio traço. A mansão da Rainha em Greenwich surge com catorze janelas gigantes, um lance duplo de escadas em redondo e umas águas furtadas no segundo andar ao ado da clarabóia. O menino não é um aguarelista profissional como a avó Joan em York nem amadora como a avó Maria em Lisboa, muito menos terá aprendido a gramática de formas na Universidade como o pai Ian e a mãe Ana, ambos arquitectos diplomados. Todos os dias este menino passa junto à residência que foi de John Stuart Mill (1808-1878) e, mais à frente, junto à casa onde viveu Charles Gounod (1818-1893). É possível que a filosofia de um e a música de outro se envolvam no olhar deste menino. Porque se trata de um olhar, disso não restam dúvidas. É o olhar que apreende a paisagem e o povoamento mesmo quando não figura no esboço nenhum transeunte. O Tamisa passa perto desta Casa da Rainha com os seus barcos velozes a caminho de London Bridge. Restam memórias de navios regressados da Índia com cargas de chá que já ninguém esperava. Não havia telefones nem telemóveis nem Emails e os mercadores só podiam sorrir e festejar quando os navios surgiam um a um a caminho das docas da cidade de Londres. Greenwich era o lugar da angústia da espera quase sempre muito perto do júbilo da chegada. Em Morden Road um Colégio testemunha esse intervalo entre a amargura e a festa. No seu desenho de menino, Thomas regista o espírito do lugar. As casas, tal como as pessoas, transportam em si uma memória porque o passado não acabou e continua todos os dias no olhar de todos nós. --

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por José do Carmo Francisco às 17:25

Domingo, 19.02.17

o visconde de alvalade nasceu em santarém

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Alfredo Augusto das Neves Holtreman nasceu em Santarém em 1837, filho de António Maria Ribeiro da Costa Holtreman e de Libânia Augusta das Neves Holtreman. Veio a morrer em Lisboa (1920) não resistindo ao desgosto da morte prematura de seu neto José Alvalade em 1918. Foi proprietário de casas e terras na Quinta das Mouras (ao Campo Grande) onde nasceu o Sporting Clube de Portugal em 1906, depois das tentativas de 1902 (Belas) e de 1904 (Campo Grande). Seu neto José Alfredo Holtreman Roquete (1885-1918) mais conhecido como «José Alvalade» foi um dos fundadores do SCP, tendo ajudado a construir um excelente parque desportivo que ficou pronto em 1914. O Estádio José Alvalade, inaugurado em 10-6-1956 deve o seu nome a este ilustre sportinguista. Virá a propósito lembrar uma célebre fotografia tirada no Funchal em 1928 com Cipriano dos Santos, Jorge Vieira e António Penafiel. O primeiro era o guarda-redes que foi marinheiro no Arsenal do Alfeite; o segundo, defesa esquerdo, foi operário nas oficinas da Imprensa Nacional e o terceiro, defesa direito, foi o 4º Marquês de Penafiel. Os companheiros de equipa só souberam do seu estatuto social quando a notícia necrológica apareceu nos jornais. Tão discreta foi a sua passagem pelo mundo que hoje, procurando nas Enciclopédias do Sporting Clube de Portugal, nada se encontra a seu respeito. Lê-se no livro «Nobreza de Portugal e do Brasil» que seu nome completo era António Manuel Maria Mártens Ferrão Gomes da Mata de Sousa Coutinho e terá casado em 1924 com D. Maria José da Câmara. Foi funcionário bancário, alferes miliciano de Cavalaria e distinto desportista. A sua fotografia ao lado de Cipriano dos Santos e de Jorge Vieira diz muito sobre a génese do Sporting Clube de Portugal: entre a nobreza de carácter e a nobreza de estatuto. --

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por José do Carmo Francisco às 11:18

Sábado, 18.02.17

levi condinho «fascindado pela música desde a mais tenra infância»

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Nascido no Bárrio, concelho de Alcobaça, perto da Nazaré e do Valado de Frades, onde acontece um importante festival de Jazz, Levi Condinho não tinha na sua terra natal as estradas alcatroadas, apenas terra esburacada, nem havia água canalizada muito menos esgotos. Até 1954 não havia electricidade, logo não havia rádio. Fascinado pela música desde a mais tenra idade, Levi Condinho apenas ouvia o banjo do pai que também dirigia o pequeno coro da igreja, algum tocador de gaita-de-beiços, mais raramente um acordeonista, as bandas filarmónicas – com relevo para a da Vestiaria – que iam tocar à aldeia. Motivo maior de júbilo pra o seu pequeno coração. Afirma: «Jazz era então, para as rudes pessoas do campo, qualquer pequena formação que tocasse música própria para dançar nas eiras, em cercas com paliçadas ou em palheiros. Lembro-me do Jazz «Os Pinantes» da Marinha Grande onde havia um violino ou do duo de acordeão e bateria jazz «Os Sequeira» de Turquel. Em Outubro de 1951 ingressei no Seminário de Santarém, transitando em 1955 para Almada, de onde me libertei em direcção ao «mundo» - palavra tão sedutotra – em Janeiro de 1956. Logo nesse ano, na Feira de São Bernardo em Alcobaça e através dos altifalantes do Circo Mariano, ouvi um trecho swingante.O Virgílio Varela disse: «Então isso é o American Patrol, do Glenn Miller, é swing, é Jazz…». A partir daí fui â procura de programas dedicados à essa tão diferente música raramente ouvida na rádio, alvo de suspeitas pela ideologia dominante – do poder e das massas ignorantes, tendencialmente racistas…» Ficamos por aqui no testemunho de Levi Condinho mas continua a dúvida: será que a Lenita Gentil fazia parte do grupo musical da Marinha Grande? --

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por José do Carmo Francisco às 15:52

Sexta-feira, 17.02.17

liberto cruz - «reis, rainhas, príncipes, princesas e outros que tais...»

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Sobre a intervenção do pintor António Viana (n.1947) no Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, aqui fica o texto do poeta Liberto Cruz (n.1935) para todos: «Há muitos, muitos anos, que vamos buscar ao mar sardinha, porque pescar é preciso. António Viana sabendo que navegar foi preciso, decidiu, através de um painel, com a sua alácre, astuciosa, divertida e inventiva intervenção, derramar luz sobre trinta metros da frente do Padrão dos Descobrimentos. Uma luz que evoca reis e rainhas, navegadores e nobres, plebeus e outros porque, como é sabido, para fazer um mundo de tudo é necessário um pouco. Dar mundos ao mundo fazia parte do caderno de encargos que o Padrão dos Descobrimentos relembra através das figuras e dos figurões ali representados, Desses motivos se serviu António Viana, com engenho e arte, qualidades correntes tanto na sua produção de pintor como nas suas instalações, para criar um tempo e um espaço onde a presença da ciência, da aventura, da coragem, do medo, da plihéria, do desânimo e da ousadia se entrelaçavam para tentar conseguir o pretendido. Mas, como é óbvio e voltando a que de tudo o mundo um pouco necessita, António Viana não podia deixar de recorrer a elementos de vária ordem em que seres humanos, animais, vegetais, aves, maquinetas, carantonhas, insígnias, utensílios e objectos não recomendados ou não identificáveis se misturam, melhor, se engalfinham, para constituírem um original e prazenteiro repositório no qual o humor e a sageza se coadunam habilmente com a seriedade e a postura dos fazedores da história dos descobrimentos portugueses. Olhar o Tejo, depois de ter contemplado esta mediação do pintor António Viana, é um bem que vale a pena usufruir.» --

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por José do Carmo Francisco às 14:21

Quinta-feira, 16.02.17

marcolino candeias - peço desculpa pelos erros, lapsos e omissões

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O texto de vinte linhas sobre a poesia de Marcolino Candeias e a sessão de homenagem na Casa dos Açores contém alguns erros, lapsos e omissões. Peço desculpa a todos. Em primeiro lugar as datas de Marcolino Candeias são bem 1952-2016 e não 1952-1016. O nome do poeta que falou antes de Olegário Paz é bem Artur Goulart e não como escrevi por lapso Osório Goulart. O nome da senhora americana é bem Kathie Baker. Usou da palavra Januário Pacheco e eu não o referi por omissão. As coisas são como são e eu não tenho nenhuma equipa a trabalhar comigo. Sou um obscuro agente cultural «unipessoal» e escrevo nos jornais desde 1978. Mais uma vez peço desculpa a todos. --

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por José do Carmo Francisco às 19:20

Quinta-feira, 16.02.17

marcolino candeias «o mar também é terra onde morar»

Marcolino Candeias.jpeg

Segundo as palavras de Emanuel Félix (1936-2004) o poeta Marcolino Candeias (1952-1016) é «sem dúvida um dos maiores poetas do arquipélago» Nascido na freguesia de Cinco Ribeiras, concelho de Angra do Heroísmo, Marcolino Candeias é autor de dois livros de poemas: «Por ter escrito amor» (1971) e «Na distância deste tempo» (1984). Deste título existe uma segunda edição revista com data de Outubro de 2002 dedicada a Deka (viúva), a Maithé e Rodrigo (filhos) e a Manuel e Clementina (pais). A Casa dos Açores de Lisboa organizou no passado dia 10-2-2017 uma homenagem ao poeta com leitura (magnífica!) de poemas por Luiza Costa e testemunhos próprios com leitura de textos de outros autores por Onésimo Teotónio Almeida. Participaram também Olegário Paz, Osório Goulart e a tradutora americana do livro «Já não gosto de chocolates» de Álamo Oliveira, cujo nome não fixei. Peço desculpa. A poesia de Marcolino Candeias, originária da Geração Glacial (jornal A UNIÂO) oscila entre o apelo da dimensão erudita («Ah todos os meus amigos sem falhar nenhum/ intelectuais semi para-intelectuais e sindicalistas / quantos quintais do verbo imolámos ao porvir») e os poetas populares como João Vital («Pesa-me que terminem assim nossas conversas no Aliança») ou Chico Veríssimo: «Não quero crer que te tenhas ido embora / sem me visitares com atua última ponderada filosofia / sem me entoares a derradeira quadra de desafio decorada / sem me declamares a última décima antiga…» Mas a paisagem da poesia de Marcolino Candeias é a cidade de Angra do Heroísmo: «Oh Angra minha e amada verdadeiramente / chamada do Heroísmo /cidade de nevoeiro encantado / crescendo no silêncio de tantas mágoas.» Nota final – a foto é um excelente trabalho de Mestre Carlos Vilas. --

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por José do Carmo Francisco às 09:15

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