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Sexta-feira, 23.09.16
«muito, menos» de rui almeida
Rui Almeida (n.1972) mantém desde 2003 o Blog «poesia distribuída na rua» e publicou desde 2009 um conjunto de cinco livros. A saber: «Lábio cortado», «Caderno de Milfontes», «Leis da separação», «Temor único imenso», «A solidão como um sentido seguido de Desespero». A sua poesia tem sido publicada em diversas revistas como «U» e Piolho» e integra a antologia de poesia portuguesa contemporânea «Por la carretera de Sintra», organizada e traduzida por Marta López Vilar (Editora La Lucerna). O título deste recente «Muito, menos» surge a partir do poema da página 48: «Debaixo das pontes / Desejamos muito, / Menos porém / Do que o infinito exige». O primeiro verso desse poema («Debaixo das pontes») pode ser lido como o lugar de abandono que cabe aos Poetas numa sociedade que os ignora e conhece Bulhão Pato pelas amêijoas, Camões pelo olho perdido e Bocage pelas anedotas. Essa dupla inscrição entre desejo e exigência pode corresponder à oscilação entre Natureza e Cultura. A Natureza surge na página 47: «Uma pedrinha e outra pedrinha / Folhas de árvore, várias de várias formas / Um troço de madeira, um fruto / Seco a aflorar ao rés da terra». A Cultura surge na página 22: «Claro que sabes / Quem foi Proust ou Ovídio / Wittgenstein, Maria Zambrano, Confúcio / Hildegarda von Bingen ou o Picasso. / E depois? Que importam os nomes / E mais a fúria do mar, que não consta / Que se deixe guardar em bibliotecas.» A Poesia é também uma actividade ciclotímica: nasce na depressão e exprime-se na euforia. Tal como a oração, procura ligar de novo dois mundos separados. As palavras (Maiakovky) valem menos do que «pétalas pisadas depois de um baile» mas não é possível aos homens comunicar sem palavras, essas mesmas palavras. Na oscilação entre Natureza e Cultura não há oposição porque a Natureza indica ao Poeta (homem culto) o esplendor da renovação; as horas, os dias, as semanas, os meses, as estações do ano, as sementeiras e as colheitas. E mesmo quando há (Carlos de Oliveira) «colheitas perdidas» a Natureza insiste e obriga o semeador (o Poeta) a tentar de novo. «Escrever é lavrar» escreve o Mestre num dos textos de «O aprendiz de feiticeiro». No poema «Ode a Walt Whitman» Federico Garcia Lorca já tinha advertido «a vida não é nobre nem boa nem sagrada». Conclusão provisória: é pela Cultura que se olha o Mundo mas é a Natureza que indica o caminho do futuro. Todos os dias o amor nasce de novo entre o precário da Vida e o inevitável da Morte. A Poesia é sempre uma resposta, uma teimosia, uma afirmação. Porque toda a literatura é uma homenagem à Literatura… (Editora: Companhia das Ilhas, Foto; Nuno Saldanha, Colecção: Azul Cobalto) --
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José do Carmo Francisco
às 14:22
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