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Segunda-feira, 28.09.15
«benfica através dos tempos» padre álvaro proença
O padre Álvaro Proença (1912-1983) é autor, além deste livro, dos seguintes volumes: «Subsídios para a História do Concelho de Loures» (1940) e «Como o Povo reza» (1941). O facto de ter sido pároco na igreja de Benfica entre 1955 e 1983 fez com que a sua passagem pela paróquia tivesse marcado de modo profundo a vida da Comunidade: criou o Salão de Festas, o Centro Paroquial, o Centro Social, o Jardim Infantil, o Refeitório e o Boletim. Cinquenta anos depois da primeira edição, este livro lê-se com agrado no conjunto das 519 páginas a que o seu autor chama «pequeno estudo»: «Vamos centrar o nosso estudo na própria igreja paroquial, lugar primeiro numa freguesia. Baptizados nela, ali vinham fazer a sua primeira confissão e comunhão, ali casavam e a ela ficavam ligados por múltiplos laços de fé, oração e missa dominical os que, mais tarde, nela ou à sua volta vinham a ser sepultados.» Existe um documento oficial, o testamento de Silvestre Esteves em 1263, no qual o nome de Benfica aparece escrito e sobre este nome muitas lendas se levantam mas Brito Aranha no livro «Arquivo Pitoresco» apresenta razões: «A uma légua de Lisboa, e como escondido mais adiante do contacto de povoações, se nos apresenta um valesinho que, por frescura de fontes, alegria de árvores e amenidade de terreno, mereceu, naturalmente o nome de Benfica.» O ponto de partida do livro é a memória: «Velha freguesia de saloios, cultivadores dedicados da terra e de lavadeiras concorrentes das de Caneças, lugar de veraneio delicioso e de convívio ameno entre gente rica que para estas bandas tinha as suas quintas e palácios, Benfica foi um dos mais deliciosos e poéticos lugares do Termo de Lisboa». Mas o texto não se fixa na paróquia pois abrange também as feiras, as tascas e a boémia: «Não faltavam as feiras, festas e romarias quer aqui quer nos arredores. Desde Carnaxide, passando por Benfica até ao Lumiar, durante o ano era uma roda-viva. Tascas afamadas eram o Caliça, o Bacalhau, o Charquinho e o Ferro de Engomar. Às quintas-feiras vinham os boémios ver passar o gado bravo que vinha das bandas de Alfornel e seguia pela Estrada em direcção ao matadouro; havia guitarradas e fados até à meia-noite.»
Curiosa a presença de Cláudio José Nunes: era no tempo de Cesário Verde um poeta muito conhecido mas que ficou na História apenas como Secretário da Mesa da Irmandade de Benfica em 1863 e Juiz em 1866. A mesma lista refere o homónimo do escritor António Lobo Antunes em 1953 e 1954 das duas vezes como Assistente do Juiz dessa Irmandade. (Editor: Ulmeiro, Capa: Jorge Machado-Dias, Fotos: Carlos de Oliveira, Apoio: Junta de Freguesia de Benfica) --
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por
José do Carmo Francisco
às 21:16
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