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Transporte Sentimental



Quinta-feira, 17.09.15

«quando a bola não entra» de nelson nunes

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Com o subtítulo de «As histórias dos jogadores que não conheceram o sabor do sucesso» este livro junta nove depoimentos de jogadores de futebol que, como se diz vulgarmente, «passaram ao lado de uma grande carreira»: Edgar Marcelino, Fábio Marques, Vítor Afonso, Gonçalo Gonçalves, Marco Bicho, Rebelo, Pepa, Tininho e Vasco Varão. Numa breve nota pessoal poderei dizer que entrevistei Edgar Marcelino para o jornal «Sporting» algumas vezes e Pepa para o jornal «O Mirante» uma vez. Almeida Garrett escreveu em «Viagens na minha terra» (século XIX) que são precisos duzentos pobres para fazer um rico. Num certo sentido o que acontece no futebol português é muito parecido com a frase de Almeida Garrett: por cada jogador que triunfa há duzentos que ficam à porta da fama. E do proveito que essa fama implica. No meu livro «Pedro Barbosa, Jesus Correia, Vítor Damas e outros retratos» (Padrões Culturais) esta realidade está presente em poemas dedicados a jogadores como Afonso Martins, Ricardo Quaresma, Hugo Viana, Miguel Garcia, Carlos Martins, Hugo Pina, César Piedade, Fábio Paim e Emídio Rafael além de outros poemas publicados em Blogs sobre Paulo Teixeira e Fernando Ferreira, por exemplo. Os depoimentos valem por si e esta nota não substitui a leitura de cada uma deles mas há um sentimento geral que é o de Portugal ser um país de «ou 8 ou 80», um país ciclotímico e bipolar (ora eufórico ora deprimido) como explica Gonçalo Gonçalves: «tu numa semana estás bem e és o maior, noutra semana estás mal e és o pior. Desde os colegas até aos presidentes e à massa adepta, todos te criticam. Hoje digo-te uma coisa para te convencer a vir para a minha equipa e amanhã já é mentira. É não olhar a meios para atingir os fins. E quando não precisam de ti és lixo, és descartável. O futebol é muito mais um negócio do que um desporto.»O futebol português é um «mundo cão» onde algumas vezes também acontecem coisas bonitas com pessoas que valem a pena; diz Edgar Marcelino: «tanto o Eutrópio como o Mário Jorge fizeram questão que eu fosse para o clube. São poucas as pessoas que te dão a mão para ajudar sem te nada em troca e, por isso, estou-lhes eternamente grato.» Uma surpresa pode ser o humor que Pepa (a quem chamavam Chibanga) revela na página 200: «O Luís Campos dizia-me muitas vezes que eu ia ser o próximo treinador preto em Portugal e eu dizia, sim, mister mas também não há empresários pretos, nem árbitros pretos nem directores pretos, nem nada preto!» Algumas notas de pormenor não retiram interesse ao livro. Nas páginas 15 e 21 refere-se Alcochete em vez de Barroca de Alva, na página 129 refere-se o euro como moeda antiga, na página 144 a frase é «daqui não saio», na página 150 refere-se «o Belenenses» em vez de Os Belenenses, na página 159 Fernando Santos é referido com o arquitecto em vez de engenheiro, na página 170 refere-se 1.200 euros como equivalente a 600 contos quando é bem 3.000 euros, na página 195 Pepa é referido como escalabitano quando é de Torres Novas, na página 216 a palavra «discrepância» não refere em relação a quê. Na página 256 é referido um treinador do futebol juvenil do Sporting de nome Dominguez que eu não recordo entre 1988 e 2006 quando fui colaborador e redactor do jornal do Sporting. Pode ser falha minha. (Editora: Ideia Fixa, Prefácio: Fernando Santos, Capa: Rita Henriques) --

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por José do Carmo Francisco às 15:27

Quinta-feira, 17.09.15

museu francisco tavares proença júnior - quando iminente se transforma em eminente

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Foi preciso visitar o Museu Francisco Tavares Proença Júnior de Castelo Branco no passado dia 13-9-2015 (Domingo à tarde) para perceber melhor o que me aconteceu no passado mês de Agosto no Entroncamento quando fui obrigado a pagar bilhete no Museu Ferroviário. A carteira profissional de jornalista de nada vale para eles. E nem está em causa o custo do bilhete (3 euros) mas sim a atitude. Copiando o código de excepções da Rede dos Museus do Centro, alguém do Entroncamento colocou assim o novo Museu Ferroviário na mesma linha. Jornalista ali só com «pré-aviso» e em reportagem. O Museu do Prado de Madrid e o Museu Marítimo de Greenwich em Londres (por exemplo) que recebem os jornalistas com cordialidade, elegância e simpatia, estão, pelos vistos, enganados, confundidos e errados. Em Castelo Branco, no Entroncamento e (imaginamos) em toda a rede de Museus dependentes da DRCC (talvez sigla de Direcção Regional da Cultura do Centro) é prática corrente não abrir as portas aos jornalistas. Por muito que isto nos custe até tem lógica porque estamos num país de analfabetos. Basta ver que num dos quadros da parede do Museu de Castelo Branco há uma tapeçaria sobre Sodoma e Gomorra. Ao lado um texto explicativo não assinado relembra a maldição divina anunciada sobre estas duas cidades e os seus habitantes que eram grandes pecadores. Estava iminente a concretização da ameaça de Deus mas no texto explicativo ao lado da tapeçaria escreveram «eminente». A troca de letras dá à palavra um sentido diferente e quase oposto tal como acontece em emigrantes e imigrantes. Mas as coisas aqui são como são. Em Portugal os analfabetos triunfam em toda a linha. Manda quem pode, obedece quem deve. E a vida continua porque a morte é certa. --

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por José do Carmo Francisco às 11:21


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