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Transporte Sentimental



Quarta-feira, 29.07.15

«o assassino do aqueduto» de anabela natário

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Anabela Natário (n.1960) iniciou-se no jornalismo em 1981 (Correio da Manhã) e na ficção em 2008 com 177 biografia de mulheres portuguesas - «Portuguesas com História», uma edição do Círculo de Leitores. Este seu recente «O assassino do aqueduto» define-se na capa como «A arrepiante história de Diogo Alves, o homem que aterrorizou Lisboa no século XIX» mas não deixa de ser um inventário dos crimes que este assaltante cometeu com a sua quadrilha. O ladrão tonava-se, de um momento para o outro, um assassino. Mas um assassino frio que apenas diz à sua amante Parreirinha: «O roubo se fez e toda a família espichada ficou. Não se pôde fazer por menos.» A origem galega de Diogo Alves surge nas palavras que dirige a Maria da Conceição na noite do assalto a casa do doutor Pedro de Andrade: «quédate-quédate-belha». Tal como num bom romance policial, o enredo não se limita a procurar o assassino que mais tarde será punido pois nestas 299 páginas Anabela Natário cruza várias referências da política, da sociologia e do jornalismo da época (1841 é o ano da condenação) construindo neste livro uma memória qualificada do tempo português que vai mais longe do que o limite da figura tenebrosa de Diogo Alves e sua quadrilha. A leitura deste livro torna-se imparável como imparável parecia a sucessão de feitos (assaltos e assassínios nocturnos) de Diogo Alves que só o juiz Bacelar consegue deter.
Alguns pormenores como a referência «ribatejano» (Província criada em 1936), a troca de «de mais» por demais, Correio dos Pobres por Periódico dos Pobres, «previdências» por providências, «pousar» por posar, «bragantino» por bracarense, «beiras» por Beiras, «humanidade» por Humanidade, «baixa» por Baixa ou Fonte «Nova» por Fonte Santa não alteram em nada o fascínio da leitura. Um livro a não perder, sem dúvida. (Editora: A esfera dos livros, Foto: Tiago Miranda) --

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por José do Carmo Francisco às 07:36


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