Saltar para:
Posts [1]
,
Pesquisa e Arquivos [2]
Transporte Sentimental
navegação
« dia anterior
início
dia seguinte »
Quarta-feira, 06.05.15
«a mulher do legionário» de carlos vale ferraz
Depois da estreia com «Nó cego» (1982) Carlos Vale Ferraz (n.1946) vê publicado o seu nono livro de ficção, este «A mulher do legionário». A pedra angular da narrativa é Fernanda, filha de Eduardo Lobo, um homem sobre cujo suicídio os amigos desconfiam: «não se ia embora sem nos dar conta das razões, sem se despedir da filha, dos amigos». O casamento de Fernanda com Augusto Torres levou a criada Rosa a advertir: «O seu casamento, menina, começou com uma falsidade dele!» mas toda a narrativa surge na voz da irmã Maria de São José, dando razão a quem no romance reclama a força das mulheres: «As mulheres não querem esta guerra e não há primeiro-ministro que consiga convencê-las». Neste livro, escrito a partir das grandes interrogações sociais («o que é a vida, o que é a morte, o que é o tempo») os sucessivos retratos dos actores são, de facto, da sociedade a que pertencem. É nela que percebem as expectativas («Ninguém nasceu para preencher as expectativas dos outros») mas também a injustiça («só temos uma vida e não a podemos viver como julgamos ter direito») ou ainda a verdade: «A verdade não é obrigatoriamente uma coisa boa. Pelo menos pode não trazer notícias agradáveis». Aqui os portugueses («nunca se regeram pela razão mas pela lógica») continuam a ser os mesmos: «vamos em peregrinação aos santuários pedir a uma divindade que faça por nós o que devíamos ser nós a fazer». Mesmo os artistas e as suas vanguardas são diferentes: «para Eduardo, António Ferro pertencia àquela geração de jovens, pederastas mais ou menos assumidos, com maior ambição do que talento, qua faziam acrobacias artísticas para fugir ao trabalho, ao estudo e ao cumprimento das regras impostas aos cidadãos comuns». Para além do fresco enorme do País que somos (1908, 1926, 1939-45, 1974), um pouco como num romance policial, fica a memória de uma mulher que viveu a morte do pai, da mãe, do filho e do neto mas sempre a lembrar o marido, o legionário: «Conheci o Augusto num sábado de seca e de gafanhotos! Vinha do colégio, estava a chegar a casa e encontrei um homem dez anos mais velho do que eu, um sedutor experiente. Ele pertencia ao grupo dos impostores, dos que representam papéis que não são os deles!» (Editora: Casa das Letras, Capa: Neusa Dias, Revisão: Ayala Monteiro) --
Autoria e outros dados (tags, etc)
por
José do Carmo Francisco
às 16:34
link do post
comentar
favorito
navegação
« dia anterior
início
dia seguinte »
Mais sobre mim
ver perfil
seguir perfil
13
seguidores
Pesquisar
Pesquisar no Blog
pesquisar
calendário
Maio 2015
D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
« Abr
Jun »
Posts mais comentados
lisboa «cool» - jornalist...
(9)
cristiano ronaldo vingou ...
(7)
J.H.Santos Barros e Ivone...
(6)
o gonçalo, chefe de redac...
(6)
à maneira de fernando alv...
(5)
Arquivo
2017
Fevereiro
Janeiro
2016
Dezembro
Novembro
Outubro
Setembro
Agosto
Julho
Junho
Maio
Abril
Março
Fevereiro
Janeiro
2015
Dezembro
Novembro
Outubro
Setembro
Agosto
Julho
Junho
Maio
Abril
Março
Fevereiro
Janeiro
2014
Dezembro
Novembro
Outubro
Setembro
Agosto
Julho
Junho
Maio
Abril
Março
Fevereiro
Janeiro
2013
Dezembro
Novembro
Outubro
Setembro
Agosto
Julho
Junho
Maio
Abril
Março
Fevereiro
Janeiro
2012
Dezembro
Novembro
Outubro
Setembro
Agosto
Julho