Quarta-feira, 15.04.15
Maria João Martins (n. 1967) foi jornalista a partir de 1987 no «Diário de Lisboa», no «JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias», no «Estado de São Paulo» e nas revistas «Visão», «Vogue», «Máxima», e «UP». Licenciada em História, defendeu uma tese de Mestrado (Descobrimentos e Expansão), tendo ensinado na Universidade durante 5 anos e publicado estudos sobre mulheres portuguesas («Divas, Santas e Demónios») e sobre o quotidiano de Lisboa na II Guerra Mundial («O Paraíso triste»). Estreou-se na ficção em 2007 com a novela «Escola de Validos» e tem um romance em 2011 - «Como o ar que respiras». Este livro de 195 páginas sobre a Luanda de 1870 a 1910 justifica a escolha dessas datas do seguinte modo: 1870 marca o início da superação dos traumatismos económicos e sociais desencadeados pela ilegalização do tráfico negreiro e 1910 porque a implantação da República em Lisboa marca um corte violento na vida portuguesa, incluindo as Colónias. O ponto de partida para a abordagem da Luanda Colonial é uma frase de Simone de Beauvoir sobre Paris que se aplica tanto à Atenas de Platão como à Florença do Médicis ou à Lisboa de Pombal - «A verdade de uma cidade são os seus habitantes». Dito de outra maneira: só se percebe uma cidade estudando os seus habitantes nas circunstâncias precisas da demografia, das classes sociais, do urbanismo, da saúde pública, do saneamento, dos transportes, das comunicações e, em geral, do seu quotidiano. Fundada no século XVI por Paulo Dias de Novais, a cidade de Luanda esteve durante muito tempo dividida em duas partes distintas – a cidade alta e a cidade baixa. A primeira constituía o centro administrativo e a segunda o centro comercial. Só em 1843 passou a ter aulas de francês e inglês, só em 1853 teve o primeiro jardim, só em 1858 teve aulas de latim, só em 1868 teve o primeiro cemitério municipal. E o comboio em 1900 e a luz eléctrica pública só em 1938. O facto de Angola ser um habitual destino dos degredados da Justiça da Metrópole é outro dos factores estudados neste livro e a presença de oito postais ilustrados completa em termos fotográficos aquilo que é, no fundo, uma reflexão sobre a cidade de Luanda entre 1870 e 1910. O mesmo é dizer sua paisagem e seu povoamento, lado a lado. (Editora: Gato do Bosque, Apoio: Instituto Camões) --
Autoria e outros dados (tags, etc)
por José do Carmo Francisco às 16:24