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Transporte Sentimental



Sexta-feira, 03.04.15

jacinto baptista - «vou morrer mais cedo por causa da censura»

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Devo a Jacinto Baptista (1926-1993) a minha entrada para sempre nesta coisa dos jornais e revistas de dimensão nacional. Ainda garoto (de calções) fui director efémero de um jornal de parede («Velas do Tejo») na Escola Técnica de Vila Franca de Xira. Mas em Agosto de 1978 entrei com a sua palavra apadrinhadora no «Diário Popular» como colaborador do Suplemento Literário que saía às quintas-feiras. Eu já era desde Vila Franca de Xira um leitor atento do «Diário Popular» que lia aos domingos à noite por causa das notícias do futebol dessa tarde e pelas crónicas do Santos Fernando sob o título de «Os grilos não cantam ao Domingo». No dia 1 de Março de 1982, já no tempo do semanário «O Ponto», Jacinto Baptista deslocou-se a minha casa, achou engraçado o facto de antes ela ser o armazém do jornal «O Mosquito» e assinou-me vários livros entre os quais «Caminhos para uma revolução» - Editora Bertrand. Mais tarde lembro-me de ler um livro seu em parceria com António Valdemar em 1990 - «Repórteres e Reportagens de Primeira Página». Por hoje gostaria de assinalar a página 181 do livro «Caminhos para uma revolução» algumas palavras que lidas hoje em 2015 são terríveis e que na altura (erro meu) quase me passaram ao lado. Liguei mais aos aspectos anedóticos da equipa da Censura – um alferes com 68 anos e um tenente com mais de setenta anos. Vejamos as palavras de Jacinto Baptista: «Sei que, por causa da Censura, pela tensão que me causa durante o dia, a toda a hora, pelo acréscimo de trabalho com que sobrecarrega as minhas funções de redactor-paginador, obrigando-me a desfazer e a refazer títulos, a desfazer e a refazer páginas – por causa da Censura estou à beira de um colapso nervoso. E vou morrer mais cedo, arrasado, inconformado – por cauda da Censura.» Tudo aquilo era tenebroso. --

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por José do Carmo Francisco às 16:38

Sexta-feira, 03.04.15

sério ou uma certa memória da equipa «b» das quinas

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O jogo recente entre a selecção «B» de Portugal e a equipa de Cabo Verde trouxe à minha memória um certo tempo português quando a equipa «B» era tomada a sério por toda a gente e fazia os seus jogos com calendário próprio. Ainda me lembro das expressões usadas quando os Bês jogavam com os Ás. Escreviam então os jornalistas: jogam os possíveis contra os prováveis. Neste caso do Portugal-Cabo Verde parece-me um erro crasso não ter sido referido que se tratava da equipa «B» porque a equipa «A» tinha jogado há pouco tempo com a Sérvia. Ora esta equipa «B» perdeu com a equipa «A» de Cabo Verde porque não tem rotinas, foi a primeira vez que estes elementos jogaram juntos e, segundo me pareceu, tonaram demasiado a sério o facto de este ser um jogo de solidariedade. O meu amigo Luís Afonso no seu «barba e cabelo» brincou com aquilo tudo e falou da «morabeza». Tem graça (como sempre) mas a questão é outra. Desde os hoje distantes anos 50 que não há uma atitude, uma estratégia e uma realidade da equipa «B» das quinas. Houve dois jogos em 1947 e 1949 com a França B (derrota por 2-4) e com a Espanha B (derrota por 2-5) tendo marcado os nossos golos o Patalino, o Caiado e o Bentes. A foto do guarda-redes Sério serve para ilustrar esse tempo, até porque, tapado por Azevedo (primeiro) e Carlos Gomes (depois) as oportunidades para um jogador de futebol em Portugal mesmo de primeiro plano eram reduzidas. Os jogos internacionais eram escassos, as viagens eram difíceis, as datas disponíveis eram quase inexistentes. Não concordo com a ideia de que aquilo foi uma vergonha. Uma equipa é muito mais do que onze jogadores e esta equipa foi chamada à pressa para um compromisso humanitário. Vergonha é o Portugal-Angola no estádio José Alvalade mas isso é outra história. --

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por José do Carmo Francisco às 12:06


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