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Transporte Sentimental



Quinta-feira, 12.02.15

«o segredo dos pássaros» de vitor serpa

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Depois de «Salão Portugal (2008) e «Tanta gente em mim» (2010), Vítor Serpa (n. 1951) surge com este romance cujas personagens vivem o tempo da Guerra de 1939/1945. Jane Holmes (1914-1945), enfermeira num Hospital de Londres vive o luto do pai («No dia em que se suicidou o meu pai saiu cedo para o porto») mas não a morte de Michael: «O meu irmão Michael é o único morto que não morreu». Foi no Hospital que o tenente Edgar (homónimo de Edgar Allan Poe) se apaixona por Jane ao som dos versos do poema The Raven, aqui traduzido por Fenando Pessoa. O casal vem para a Mina de S. Domingos fugido da guerra mas não encontra paz, chega a um país inquieto: «São boçais, acreditam em bruxas, metem-se em mexericos. Vivem sem esperança e têm poucos ou nenhuns objectivos na vida. Os homens bebem, as mulheres parem filhos. Comem uma ou duas sardinhas no pão e bebem vinho». Num lugar de fronteira entre Portugal e Espanha reflectem-se os vários círculos e os seus conflitos. De um lado a neutralidade activa (Salazar, a PVDE, a GNR, o Conde), do outro a comunidade inglesa (Tyrel Shervington, Leslie Howard e o embaixador Campbell) ou ainda o sentido da transgressão à ordem: D. Ana, Paco, Claudino, Manuel da Luzia. Depois do suicídio de Edgar, Jane procura aliciar António Valentim (1910-1945) para a levar a Cádis, terra da sua mãe espanhola. Toda a narrativa é uma carta e, na carta a Michael, Jane escreve: «Não sei o que me levou a envolver-me com este homem num amor transgressor dos meus próprios princípios. Ele é o meu pilar de resistência naquela terra onde nada acontece». Já em Espanha são ambos mortos: «António terá sido alvo de uma cilada por razões que se prendem com a sua intromissão numa perigosíssima rede de tráfico infantil». Mas depois da História fica a Lenda: «Muitas pessoas da região da Mina têm dado conta da surpresa de verem um melro e uma gaivota juntos na zona do Pulo do Lobo.» (Editora: Clube do Autor, Capa: António Belchior) --

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por José do Carmo Francisco às 13:12

Quinta-feira, 12.02.15

«o varandim + ocaso em carvangel» de mário de carvalho

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Este é o 24º título de Mário de Carvalho (n. 1944) que se estreou em 1981 com «Contos da Sétima Esfera» e tem publicado em diversas áreas: romance, conto, novela, teatro e infanto-juvenil. O volume integra duas novelas de diferente respiração: «O Varandim» tem 72 páginas e «Ocaso em Carvangel» ocupa 136. Trata-se do seu primeiro título nesta Editora. Em «O Varandim» há uma cidade bela e acidentada, Svidânia, onde a moeda corrente se chama tálere e o grupo de anarquistas («são homens como os outros») é condenado à forca ficando a cidade cheia de «tropa, jornalistas, vivandeiras e outros forasteiros». A geografia do grão-ducado refere o Lago de Läusig mas, se o cenário é inventado, os conflitos são verdadeiros e «acontecimentos raros e extraordinários são propícios à reflexão». Zoltan aluga o varandim para ganhar dinheiro com a morte dos anarquistas mas o seu prémio vai ser a destruição da casa e a morte dos filhos pois os barris de cimento eram, afinal, de pólvora. Em «Ocaso em Carvangel» temos de novo uma metáfora dos tempos actuais embora as personagens vivem um tempo antigo: «O porto era ruim, a cidade periférica, o comprimento do istmo desanimador, a maçada das viagens devastadora». Há uma cidade na qual os habitantes esperam a chegada de um navio com o nome de «Maria Speranza» e mesmo sem perceber se existe um grão-ducado ou um reino, todos os dias se enfrentam a vida e a morte, o amor e o ódio, o poder e a solidão, o bem e o mal. Nas duas histórias bem urdidas e com muita moral dentro não falta o humor de Mário de Carvalho – aqui Merkel é nome de um sargento. (Editora: Porto Editora, Capa: Elisabete Gomes) --

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por José do Carmo Francisco às 13:08


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