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Transporte Sentimental



Quarta-feira, 20.08.14

os burros de benfica no museu do sporting

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Nota – a conservadora do Museu «leonino» nada tem a ver com isto pois conserva (com dedicação, competência e esforço) um património que alguns burros lhe entregaram em 2006 quando o clube pagava 2.500 euros mensais a «especialistas» mas só havia 350 euros mensais para os redactores do Jornal. Quando nos anos 90 eu fiz parte do Júri das Marchas de Lisboa, conheci pessoas que se referiam à Marcha de Benfica como a marcha dos burros. De facto a memória dos burros de quatro patas, muito presente na Marcha nos anos 40, 50 e 60, manteve-se pelo tempo fora. Mas os burros mais perigosos não são os de quatro patas, são os de duas patas. E os que escrevem, esses então, são perigosíssimos. No passado dia 19-8-2014 visitei o Museu do Sporting e saí de lá revoltado porque há burros de Benfica no Museu «leonino». A burrice explica-se assim: aparece a data de 1-12-1907 como o primeiro derby. Trata-se de uma monstruosa mistifacção pois o SLB foi fundado em Setembro de 1908 e, por essa razão, não poderia jogar em Dezembro de 1907. Nessa altura existia outro Clube (Grupo Sport Lisboa) que se fundiu em 1908 com o Sport Clube de Benfica dando origem ao SLB com um emblema onde os aros da bicicleta surgem ao lado da bola. O novo clube tem um novo emblema que integra bola e bicicleta – bola do Sport Lisboa e bicicleta do Sport Clube de Benfica. Explicações para esta burrice talvez um livro (Repórteres e Reportagens de Primeira Página) do Conselho de Imprensa e da autoria de Jacinto Baptista e António Valdemar no qual surge a burricada. Afirma-se nas suas páginas que o primeiro derby foi em 1-12-1907 mas como os jornais de época (O Século e Diário de Notícias) dizem a verdade, os autores foram às fontes e emendaram os textos acrescentando «e Benfica» com um parêntesis recto. É uma situação repugnante pois as fontes não se alteram, são para respeitar. O que está escrito nos jornais de 2-12-1907 não pode ser modificado. O mesmo erro crasso se vê no Museu Salgueiro Maia em São Torcato (Coruche). Ah, como são perigosos os burros de duas patas! --

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por José do Carmo Francisco às 14:41

Quarta-feira, 20.08.14

poema sobre «pepe» dito por barroso lopes na revista «o mexilhão» no teatro variedades em 1931

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Andei anos à procura do livro da Associação de Futebol de Lisboa no qual as páginas 362 e 363 são dedicadas a José Manuel Soares, o malogrado Pepe. A sua carreira foi curtíssima – dos 16 aos 22 anos. No seu último jogo foi capitão pela primeira vez. O nome oficial do Estádio do Restelo é «José Manuel Soares» e a AFL organizou um torneio em 1937/1938 em sua homenagem tendo sido brilhante vencedor o Desportivo da CUF. Dedico este trabalho de pesquisa e divulgação com um forte abraço ao jornalista Luís Alberto Ferreira: «Morreu um jogador! Um garoto pequeno que andava por Belém, simpático e moreno. Tinha um sonho vulgar, humilde e pobre, anónimo, singelo!...Um sonho que se encobre em timidez discreta… Um sonho dos que sonha o Povo que é Poeta… E sob a ganga azul do fato de macaco um grande coração, dentro dum peito fraco, pulsava generoso, acolhedor e audaz… Era a alma do povo em corpo de rapaz! Havia ali na rua um rés-do-chão caiado onde ao vir do trabalho, ele ia deslumbrado falar a uma pequena …que era também morena! Ela esperava-o, detrás da cortina de cassa, uma cortina branca apanhada com folhos… E os seus olhos baixavam-se a sorrir, numa infinita graça! E ao trabalhar de dia, ao banco de torneiro altivo, independente, alegre e galhofeiro o Pepe de Belém não odiava ninguém! Parece que o estou vendo agora como então nessa tarde em que foi o herói da multidão! O campo estava cheio. A pino um sol de Maio. O «team» entra veloz. Vinha à frente um catraio e ouvia-se gritar: «O Pepe vai jogar!» Alinham os azuis. Os «keepers» vão de branco. Final do campeonato. O jogo é um arranco Para ver quem lança a mão ao troféu que pertence a club campeão! O povo a meio tempo, exigente, irritado, Reclama um jogo duro, um jogo castigado, E obriga-se a faze-lo a gente do Restelo. Há nervos… Só o Pepe, humílimo e pequeno continua sereno! Mas nisto, como um raio, intenso, fulminante, esse garoto corre e voa e passa adiante e domina! Atravessa o campo lés-a-lés, com a bola entre os pés! Tão rápido e felino o pardalito salta, que passa mesmo à capa um jogador pernalta um grande matulão! Delira a multidão! «Vamos! Carrega! Anda! Ó Pepe passa já! A bola não está fora! A bola é nossa! Vá!» Numa arranco final, violento, triunfal, causando assombro e pasmo aos jogadores mais velhos, tinha chegado o Pepe à rede dos vermelhos! Um grito! Confusão Um «goal»! Aplausos! Nisto, envolta em poeirada, heróica, esfarrapada, surgiu a camisola azul com a Cruz de Cristo! Não mataram o Pepe! E matá-lo porquê? se ele tinha no olhar essa expressão de fé, - de fé e confiança que tem uma criança!» --

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por José do Carmo Francisco às 08:18


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