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Transporte Sentimental



Domingo, 31.08.14

«o livro da cegonha» de vergílio alberto vieira

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Vergílio Alberto Vieira (n.1950) tem, desde 1980, uma actividade regular como poeta, ficcionista, dramaturgo, ensaísta, tradutor, cronista e autor de livros para a juventude e a infância. Este «O livro da cegonha» integra a trilogia «Castelos da Lua» (poesia, narrativa, teatro) com «Os saltimbancos de Dadim» e «A noz que não se deixava quebrar». Há nestas páginas muita ternura derramada, seja na «Canção de embalar» («O menino quer dormir / tem sono, deixá-lo ter / que a lua não tarda a vir / ajudá-lo a adormecer») seja na «Canção para deitar o menino»: «Já é hora de dormir / vem a noite, foge o dia / que o soninho há-de vir / precisa de companhia». Matilde Rosa Araújo é homenageada no poema «A abóbora-menina»: «Apesar de ter crescido / aos olhos do hortelão / deu o tempo por perdido / virando costas ao Verão. / Assim, para se manter, / menina pela vida fora / preferiu voltar a ser / o que sempre fora outrora». Apesar de ser um livro com muito amor, quase particular e íntimo, dedicado ao neto mais novo do autor e ilustrado pelo neto mais velho, a marca da Poesia está sempre presente como em «O comboio de corda»: «Ainda a tempo de cumprir / a hora, é claro, prevista / não pára de repetir / que a viagem é a fingir / sobre as travessas da pista. /À janelinha tremida, / das vermelhas carruagens, / vão passageiros à vida / na aventura divertida / de ver passar as paisagens. / Para trás ficam estações, / que o fumo negro apaga, / do mapa das sensações / à passagem dos vagões / p´lo trovão que se propaga. / Tenha, pois, o maquinista / atenção não vá perder / então, a linha de vista / desistindo da conquista / que é saber onde irá ter.» (Editora: Crescente Branco, Desenhos: António Pedro Vieira da Silva, Capa: A mão do António) --

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por José do Carmo Francisco às 08:49

Sábado, 30.08.14

«carlos paredes - a guitarra de um povo» de octávio fonseca silva

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O ponto de partida deste livro de Octávio Fonseca Silva (n.1950) é uma afirmação (A «música de Paredes» não existe.) logo explicada a seguir: «Existe um homem semeado no chão do seu país. E dele nasceu . E nele ficou plantado. Num emaranhado eterno de raízes. Tanto quanto tem um coração, tanto quanto tem um cérebro, tem uma guitarra. Um órgão – tão só – como os outros órgãos. A sua música só é a sua música na medida em que o seu sangue é o seu sangue. Um mero fluido orgânico que lhe brota naturalmente das mãos como o amor pela terra e pelo povo lhe brota da alma.» Nascido em Coimbra numa família de guitarristas – Gonçalo (avô), Manuel (tio-avô) e Artur (pai) – Carlos Paredes (1925-2004) foi funcionário do Estado (1949-1960/1974-1986) e só a partir da sua reforma se dedicou a cem por cento à música mas a actividade foi interrompida em 1993 pela mielopatia que lhe prendeu os movimentos. A sua obra discográfica ocupa 23 páginas deste livro e antecede a notícia das colaborações noutras formas de Arte – Cinema, Teatro, Ballet, Poesia e TV. A importância de Fernando Alvim e de Luísa Amaro surge com o merecido relevo neste trabalho de 189 páginas onde também surgem os seus artigos de opinião (em «O Diário» e «J.L.») e o seu prefácio ao livro de José Jorge Letria «A canção como prática social». O conjunto é enriquecido pelas partituras de Paulo Soares de três criações musicais de Carlos Paredes: «Divertimento», «Movimento perpétuo» e «Acção». São aqui recuperadas quatro entrevistas concedidas por Carlos Paredes a Luís Almeida Martins, Sérgio Ferreira Borges, Maria Regina Louro e António Costa Santos. Sobre a música de Carlos Paredes escreveu José Carlos de Vasconcelos: «um misto de memória (vivida) do passado e de saudade (sonhada) do futuro». Se para Rui Vieira Nery estamos perante uma «música eminentemente portuguesa» já para António Victorino de Almeida «Carlos Paredes é uma figura popular mas não é um músico popular». Conclusão, precária embora: «Com José Afonso, com Lopes-Graça, com Giacometti, com Amália, Carlos Paredes vai ficar como referência fundamental da música popular portuguesa e, como tal, dificilmente repetível». Nota final – Este trabalho sobre a vida e a obra de Carlos Paredes revela um aspecto insólito e comum a José Afonso: ambos foram casados duas vezes mas só o nome da segunda esposa surge na biografia. Conheci Carlos Paredes através de José Gomes Ferreira, Wanda Ramos e Joaquim Pessoa e sei muito bem do seu recato em falar da vida pessoal mas este apagamento parece-me um exagero lamentável. (Editora: Mundo da Canção, Direcção editorial: Avelino Tavares, Direcção gráfica e capa: Manuel Jacinto, Partituras: Paulo Soares, Fotos: Luís Paulo Moura, Revisão: Rosa Maria Ferreira, Outras fotos: Fernando Alvim, José Niza e Revista Antena) --

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por José do Carmo Francisco às 10:39

Sexta-feira, 29.08.14

canção breve para dois quadros de j.b. durão

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Os quadros são dois mas o pregão é comum ao do Rossio e ao da Sé. Tal como há 48 anos quando aqui cheguei para trabalhar, estudar e viver a cidade ao mesmo tempo que a descobria, passa por aqui o som de um pregão. Pode ser o da «fava rica!» ou dos «figuinhos de capa rôta!» ou ainda a «vivinha da Costa!» com o seu inevitável «desça a ver freguesa!». E a freguesa descia com o prato ou com a travessa e o porta-moedas preparado. Tudo no quadro do Rossio me recorda Setembro de 1966. Por exemplo o eléctrico a descer a Rua do Ouro estava no meu quotidiano, está no quadro e foi só há alguns meses que os trabalhadores levantaram os carris de ferro até à Rua da Conceição onde fazia agulha. Depois há o 37 para o Castelo, um modelo igual ao 15 de Sete Rios, devido ao tamanho das ruas estreitas de uma cidade antiga que só tem largueza na Baixa ou nas Avenidas Novas. Neste quadro todo o movimento me transporta para o som da cidade em 1966: é o sinaleiro que dirige, como numa orquestra, os tempos de entrada e de saída dos cinco eléctricos, do táxi e do autocarro. Há uma harmonia neste Largo cheio de História que começa na Tendinha do Arco da Rua dos Sapateiros e se estende a todos os limites do rectângulo colorido. No quadro da Sé são três os eléctricos, há um táxi, um «creme nívea» da PSP e a igreja de Santo António recorda os casamentos de Junho quando o Diário Popular fazia uma campanha de ofertas para os noivos. Ao longe uma fragata a despedir-se de Lisboa (1966 é o ano da Ponte) e um navio de recreio, quase uma cidade a caminho do mar. E sem esquecer as pedras, as pedras da calçada muito grandes e muito negras, tal como grande e negra é a tristeza de quem visita uma cidade perdida na memória e encontrada nos dois quadros de J.B. Durão. --

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por José do Carmo Francisco às 15:56

Quinta-feira, 28.08.14

j.h.borges martins (1947-2014) ou memória de um programa da ilha

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Soube ontem já a meio da noite da morte de Borges Martins, o poeta da Rua 5 de Outubro nº92. Soube através de «Email» do escritor Álamo Oliveira. Tenho tudo em caixotes (livros, revistas, jornais) mas consegui resgatar um poema que escolhi para o livro «O Trabalho – antologia poética» de 1985, edição dos Sindicatos dos Bancários do Sul e Ilhas, do Norte e do Centro. Os meus colegas de organização foram Joaquim Pessoa e Armando Cerqueira. Escrevemos com o sonho ingénuo de não morrer, por isso se justifica visitar um poema de Borges Martins neste dia da sua morte. Aqui vai «Programa da Ilha»: Esta rua que os homens engrenaram (sem ferramentas) / apenas com pedais de sangue e parafusos de vento. Hoje cancelaram o sol no estaleiro da ilha./ Tudo sabe a sal caiado de cinzento. Fazemos parte integrante da mecânica da sociedade. / Meteram reatores de mercúrio nos pulmões e quase avariaram o porto. É por isso que as aves fazem a sua vida ao mar livre: não fritam batatas não bebem uísque nem jogam ao totobola. Pelo contrário: caçam mariscos e dejetam como as pessoas grandes. O vapor de água é muito bom para medicamentos de homeopatia. Esta é a mecânica dos membros avariados da cidade. Assistimos ao festival inútil dos candeeiros de gás e dos pobres em reclamos para blasfemar a mensagem das folhas amarelas e peixes de cauda magnética a anunciar a greve dos pescadores que adormeceram no fundo revolto dos copos. Não há engrenagens de sangue nem parafusos de vento por isso nascem e morrem os deuses de costas.» --

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por José do Carmo Francisco às 10:02

Quarta-feira, 27.08.14

«portugal a cores» relatos de estrangeiros em visita ao nosso país

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O conceito da criação deste livro é juntar palavras exageradas, preconceituosas mas também verdadeiras de viajantes estrangeiros em Portugal nos séculos XVIII e XIX com imagens da vida social portuguesa do século XX, coloridas artificialmente. Como apresentação citemos a frase de 1726 do viajante Brockwell: «Podemos dizer que Portugal é um dos melhores, mais agradáveis e mais belos países do mundo mas que é habitado por uma nação que não merece tão deliciosa pátria». Outro viajante em 1809 (Bourgoing) afirma: «Os portugueses são vingativos, vis, frívolos, zombeteiros, excessivamente presunçosos, invejosos e ignorantes mas amam o seu país, são generosos na amizade, leais, sóbrios e caridosos.» Já antes, no ano de 1799, Croker tinha escrito: «Os homens portugueses descendem de uma mistura de judeus, mouros, negros e franceses e parece que reservaram para si as piores características de cada povo; pelos vistos as mulheres ganharam com estas misturas o que os homens perderam.» Sobre a beleza das gentes afirma Murphy em 1795: «As pessoas mais bonitas de ambos os sexos podem ser encontradas na Estremadura; a varíola não ataca aqui com a mesma violência do que nos climas mais frios.» Em viajantes não faltam palavras sobre as estradas: em 1829 Kinsey escreve sobre o Algarve («Em nenhum lado se encontram estradas tão más») e já em 1820 Graham tinha escrito - «As mulas e os burros são o meio de transporte habitual no país e, como seria de esperar, as suas estradas são deploráveis». Curiosa é a visão de viajante KInsey em 1829 sobre doenças: «Um dos principais meios de cura consiste na estrita observância do sistema do Caldo de Galinha, que é, invariavelmente, o remédio recomendado para todas as doenças.» Tal como a visão da Justiça em 1730 num texto anónimo: «Por todo o lado a justiça avança com extrema lentidão, quer pelos subterfúgios usados pelos advogados, no qual são excelentes, quer pela indolência ou incapacidade dos juízes.» Por fim, assinado por Albon, um diagnóstico de 1782: «Sem indústria, sem ofícios, sem agricultura, Portugal tornou-se dependente e tributários das outras nações da Europa. As minas de ouro do Brasil produzem anualmente sessenta milhões e o Estado gasta setenta pelas mercadorias que recebe do estrangeiro.» (Editora: Publicações Serrote, Texto e imagens: Nuno Neves, Revisão: Fernando Villas-Boas, Tradução: Helge Dascher) --

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por José do Carmo Francisco às 12:37

Terça-feira, 26.08.14

leituras de 2011 - «baleia à vista» de carlos lobão

Quarta edição deste livro com 24 textos – 18 em prosa e 6 em verso. São bem variados os autores desde o Príncipe do Mónaco em 1895 («ofereci-lhes a oportunidade de sermos nós a rebocar o cachalote até ao local para onde o queriam conduzir») a Raul Brandão: «Duma que vi morta no Cais do Pico tinham retirado trinta quilos de massa escura, âmbar, que valia muitos contos de réis. Por toda a parte vasilhas ensebadas, barris de óleo, montões de ossos, resíduos de lenha e toucinho branco cortado em bocados». Há prosa mas também poesia como Vítor Rui Dores («A Baleia é o boi do mar / Que tombou na agonia / Rema, rema, é só remar / Já findou o negro dia / Quem plantou sonhos nas águas? / Quem do arpão fez seu pão? / Quem sofreu tamanhas mágoas / Em vendavais de emoção?») ou Manuel Alegre: «Eu vi os barcos parados prisioneiros / na sede de um museu. E os arpões / pendurados. E gravadas / em dentes de baleia as passadas navegações / das velhas baleeiras.» Também havia lutas entre vigias, trancadores, baleeiros e esquartejadores de cachalotes: «Lutava-se. Uma luta renhida, feroz, heróica. Lutavam: espantavam baleias uns aos outros, chegava a haver abalroamentos, vociferavam-se pragaredos de encampação que reboavam sobre o mar, às vezes tudo ficava em águas de bacalhau, o molestado a aguardar, paciente e silencioso, a oportunidade da desforra, às vezes tudo ia parar na Delegação Marítima e no tribunal». A última baleia foi caçada nos mares açorianos em 1987 nas Lajes do Pico mas as memórias não se perdem e continuam. (Edição: Clube de Filatelia O Ilhéu – Escola Secundária Manuel de Arriaga, Texto da contracapa: Herman Melville) --

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por José do Carmo Francisco às 18:32

Segunda-feira, 25.08.14

«figuras do tempo e do espaço» de carlos j.f. jorge

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Embora publicado há alguns anos, só neste momento o livro chegou à nossa mesa de trabalho, o mesmo é dizer - só existe a partir de hoje para esta tarefa de registo e leitura. Com o subtítulo de «Por uma leitura literária dos textos de viagens», este volume de 307 páginas reúne textos muito diversos mas a origem comum está no seminário «A viagem na Literatura» realizado sob a orientação da Professora Maria Alzira Seixo. O presente trabalho organiza-se em cinco grandes temas: 1- Mundos: o novo e o alternativo, 2- O naufrágio: as vítimas e os Robinson, 3- As faces do viajante: o herói, o pioneiro e o pirata, 4- Do lugar perdido ao espaço desbravado e 5- Genealogias: da utopia ao fantástico. Vários são os autores e temas revisitados neste estudo: a Carta de Pêro Vaz de Caminha, A História Trágico-Marítima de Gomes de Brito, a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, temas como o Western, a Banda Desenhada, a Ficção Científica ou autores como Júlio Verne, Eça de Queirós, Philip Farmer, Mark Twain, Blasco Ibañez ou Ferreira de Castro, como autor de «Emigrantes», «A selva», «Eternidade», «A lã e a neve» e também de «A volta ao Mundo». Sobre Blasco Ibañez («La vuelta al Mundo de un Novelista») e Ferreira de Castro («A volta ao Mundo»), uma nota final: «A sociedade moderna deixou de se interessar por um objecto óbvio: o homem enquanto anthropos. O que se busca, desde que se confirmou essa unidade essencial no percurso angustiado da luta pela vida, que configura o homo economicus, é o homem diferente, que se propunha como fascínio, como homo exoticus. Ora, se o exotismo especulativo é o objecto conceptual a expulsar por Blasco e por Castro, na busca de um homem universal subsumido no gesto hiante de sobreviver, o exotismo, como conceito operatório de um valor de afirmação na diferença, regressa como objecto da antropologia.» (Editora: Ulmeiro, Capa: César Fidalgo) --

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por José do Carmo Francisco às 11:52

Domingo, 24.08.14

adrien silva e a terceira emboscada dentro das quatro linhas

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Adrien Silva lembra-me o Pavão, o Toni, o Jaime Graça e o Pedro Barbosa; já não vi jogar o Juca pois cheguei a Lisboa a meio dos anos 60. Talvez porque o vivi com intensidade diária entre 1998 e 2006, hoje vejo o futebol com algum distanciamento. Tal não significa, porém, alhear-me e, muito menos, quando o assunto toca valores humanos. Parece ser o caso recente de Adrien Silva, o habitual marcador de grandes penalidades na equipa principal do SCP. Ontem foi preterido e o resultado foi desastroso para a equipa. Oxalá o Adrien Silva consiga reagir pela positiva e não falhe o próximo momento da grande penalidade que for chamado a converter. Lembro-me bem da primeira vez que alguém lhe armou uma emboscada. Foi há uns anos depois de um jogo esplendoroso contra os italianos da Roma em Alvalade. Ele jogou e fez lembrar o Pavão, o Toni, o Jaime Graça e o Pedro Barbosa. Aquela simbiose entre o pianista e lo carregador de piano, entre o artista e o operário. Mas o treinador preteriu o Adrien que no jogo a seguir nem no banco ficou. Há pouco tempo aquando do campeonato do mundo do Brasil, ele foi excluído tal como o Manuel Fernandes e o Mário Jorge em 1986 no México. Quando manifestei a minha revolta a uma pessoa da equipa técnica a resposta foi: «Ele escolhe os jogadores pelos treinos, não pelos jogos». Fiquei esclarecido mas siderado: há treinadores que escolhem as equipas não a partir dos jogos a sério mas de jogos a brincar. Em vez da verdade preferem a simulação, em vez do real o imaginário, em vez do concreto o indefinido. Oxalá Adrien consiga vencer esta emboscada, a terceira que eu me lembro. Para bem dele, da equipa e de todos os que, mesmo à distância, o admiram pela capacidade de juntar a técnica e a força. Como faziam o Pavão, o Toni, o Jaime Graça e o Pedro Barbosa. --

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por José do Carmo Francisco às 17:40

Sábado, 23.08.14

«a noz que não se deixava quebrar» de vergílio alberto vieira

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Para além de uma produção regular como poeta, ensaísta, tradutor e ficcionista, Vergílio Alberto Vieira (n. 1950) é autor de meia centena de títulos de poesia, narrativa e teatro na área da literatura infantil e juvenil. Os seus trabalhos neste campo estão editados em Portugal, Espanha, Bulgária, Moçambique, Egipto e Brasil. Neste conto de fadas (20 páginas) que acontece no reino de Dadim, o protagonista é um rei (Wenceslau) que, depois da morte da sua rainha (Mathilde), tem o problema de arranjar noivo para a sua filha (única), a princesa Selma. Um dia, a meio de uma caçada, descobriu o rei uma noz muito especial: «tinha um estranho timbre de cristal que se libertava do interior da casca como se, subtil mão de fada o tivesse fechado dentro, desde o princípio do mundo». Depois de falar com a filha, o rei convocou rapazes de todo o reino para se apresentarem na Corte os mais «engenhosos», «audazes» e «espertos». Todos tinham pela frente uma prova que consistia em «partir uma noz que não se deixava quebrar». O vencedor foi o terceiro finalista, depois de garantir que «com a magia do seu flautim, nem precisaria de dar ordem a tão bela dádiva do Criador para que a noz se rendesse ao encanto dos dentes da princesa». Nota final: O livro é dedicado aos netos do autor (António e Manuel) sendo as ilustrações da mãe deles feitas numa altura em que «tinha a idade que eles juntos têm agora» (Editora: Crescente Branco, Desenhos: Sofia Sousa Vieira, Retrato do autor: José Rodrigues, Retrato da ilustradora: Ícaro) --

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por José do Carmo Francisco às 18:03

Sexta-feira, 22.08.14

«lisboa na rua» ou o verão ao ar livre da cml

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Ontem fui muito feliz por algum tempo na Quinta das Conchas. Com a passagem da idade estou a aperceber-me destas discretas felicidades. São as pequenas coisas que me fazem feliz, as grandes coisas passam-me ao lado. Ontem fui feliz entre as 19 e as 20 horas porque fui ao Parque das Conchas (parece que é o nome oficial) para assistir a um concerto da Orquestra de Jazz de Leiria. A massa sonora da Orquestra vinda de Leiria (capital do meu distrito) maravilhou os meus ouvidos desde cedo habituados às Filarmónicas rurais nas tardes de Verão, nos arraiais entre o sol e o pó, depois da procissão entre estandartes, bandeiras e pendões dos santos padroeiros e antes da quermesse com loiça das Caldas e de Alcobaça. Os autores das peças interpretadas são Quincy Jones e Sammy Nestico, numa espécie de grande homenagem a Count Basie promovida pelo director do agrupamento – César Cardoso. Tal como no futebol, uma big band vive do colectivismo e do individualismo ao serviço do grupo. Por isso me deliciei com os solos das trompetes, do vibrafone, dos saxofones, do piano, da guitarra, dos trombones. E a surdina, a pedra de toque para se saber se um músico é muito bom – segundo dizia o meu avô José Almeida Penas (1906-1979). Um aspecto que teve muita importância esteve no programa que me foi oferecido na ocasião. Por um lado remete para a Net («www.lisboanarua.com») mas por outro leio deliciado uma referência à trompete como eu sempre escrevi, até num texto publicado na Revista da APE. Assim: «A trompete é um dos mais antigos instrumentos que se conhece, havendo registos da sua presença desde a pré-história. Na vida prática, na arte da guerra ou até para fins de invocação mágica, a trompete foi acompanhando as civilizações.» A trompete, pois. --

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por José do Carmo Francisco às 15:24

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