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Transporte Sentimental



Terça-feira, 16.07.13

outras leituras de 2008 - hugo santos

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«Ode a Nossa Senhora do Homem» de Hugo Santos

Prémio de Poesia «Mário Viegas 2005», este trabalho poético pode ser lido
como uma oração à mãe do Céu mas também como um poema à mãe da Terra. O
poeta chega ao poema e diz de onde vem: «Trago comigo / do meu país-ao-sul
/ o pão ázimo da flor / do loendreiro / o perfume frágil das estevas / o
silvido azul dos torcazes de Novembro / os olhos claros e imemoriais / das
garças sustendo / sob as asas abertas / o tempo inexorável das colheitas.»
Depois pede à mãe a sabedoria: «Ensina-me se puderes / o que não cabe nos
livros / nas filosofias / nos tratados / nas enciclopédias / mas o que,
hesitante, recomeça / na harmonia da ignorância.» A seguir pede o amor:
«Certifica-me de que a palavra amor / se escreve em todas as línguas / em
todos os lugares da terra / para que os que a não amam a soletrem / para
que os que a não usam a adivinhem / e para que, sendo cegos, a tacteiem / e
os surdos a proclamem tão alto / que ela ecoe como um tímbalo / no ausente
coração de todas as distâncias.» Por fim pede a memória: «Ama por esta casa
/ este livro / esta cidade. / Ruirão as paredes / rasgar-se-á o livro /
desaparecerá a cidade / mas a paixão persiste revigorada / pelas
nostalgias. /Um dia debruçar-nos-emos à memória / da casa, do livro e da
cidade / e tudo estará lá, intacto e imperecível / como no instante preciso
da sua anunciação.»
(Editora: Nova Veja, Capa: sobre pintura de Mário Rodrigues, Apoio: Centro
Cultural de Santarém)
José do Carmo Francisco
--

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por José do Carmo Francisco às 15:46

Terça-feira, 16.07.13

outras leituras de 2008 - são tomás de aquino

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«Os sete pecados capitais» de S. Tomás de Aquino

Além dos sete pecados capitais (Soberba, Vaidade, Inveja, Ira, Avareza, Gula e
Luxúria) este trabalho com textos seleccionados da «Suma teológica» e das
«Questões disputadas sobre o mal» inclui um capítulo sobre outro pecado
capital: a acídia ou acédia. Vejamos um aspecto: «Quando um homem foge da
tristeza verifica-se o seguinte processo: primeiro foge do que o entristece e,
depois, chega a iniciar uma luta contar o que origina a tristeza. No caso da
acídia, já que se trata de bens espirituais, esses bens são fins e meios. A
fuga do fim acontece pelo desespero. Já a fuga dos bens que conduzem ao fim
dá-se pela timidez, que é referente aos bens árduos e que requerem ponderação e
pelo torpor em relação aos deveres, no que se refere à lei comum. Por sua vez,
a luta contra os bens do espírito que pela acídia entristecem, é o rancor, no
sentido de indignação quando se refere aos homens que nos encaminham a eles; é
a malícia quando se alarga aos próprios bens espirituais que a acídia leva a
repelir. E, quando se é arrastado pela tristeza, um homem abandona o espírito e
instala-se nos prazeres exteriores, temos também a divagação da mente pelo
ilícito. (…) A amargura é um certo efeito do rancor; a ociosidade e a
sonolência reduzem-se ao torpor em relação aos deveres: o ocioso abandona-os e
o sonolento cumpre-os de modo desleixado.»
Na página 47 se revela uma ideia de S. João sobre o pecado, a morte e a vida:
«Quem não ama, permanece na morte».
(Editora: Padrões Culturais, Tradução: Augusto Lourido Rodrigues, Capa: Mário
Andrade)
José do Carmo Francisco
--

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por José do Carmo Francisco às 15:44

Terça-feira, 16.07.13

outras leituras de 2008 - pranto por vila viçosa

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«Pranto por Vila Viçosa» de Rui Caeiro

Vila Viçosa é a personagem deste livro: «Na minha terra, doce, amarga e
viçosa, na minha terra, digo, sobre a minha terra foi escrito este livro. A
duzentos quilómetros dela.»
Numa viagem ao passado («estou diante do puro passado, realidade primeira,
esteio de todos os meus presentes») o autor começa por recordar as classes
sociais: «Na minha terra havia os burgueses, os pobres e os pobrezinhos.
Não se podiam ver uns aos outros.»
O mundo dos homens nem sempre coincidia com o das mulheres («as mulheres
iam à igreja, os homens à taberna») embora fosse sobre as mulheres que
recaíam as tarefas de prover à subsistência: «Se havia pão, faziam açorda
de poejos; se não havia pão, mera sopa de poejos.» Vila Viçosa é paisagem
(«o vento, o sol, a chuva, o calor, o frio, eram mais amáveis») mas também
povoamento: «Na minha terra há muita gente. Mas eu cá aconselhava-os a
todos a, na medida do possível, passarem mais despercebidos.»
Tudo começa numa casa: «Na minha terra há uma casa que não me pertence, eu
é que pertenço a ela. Foi vendida a casa dos meus avós e – ó Álvaro
de Campos – o que eu sou hoje é também terem vendido aquela
casa…»
A memória do autor envolve não apenas os seu mundo («Na minha terra nasceu
gente ilustre. Públia Hortênsia de Castro, Florbela Espanca, Henrique
Pousão, Bento de Jesus Caraça.») mas o mundo à sua volta: «Havia um homem
que chorava, sabe-se lá por quê e havia um garoto que saudava despreocupado
o ar fresco da manhã, a praça vazia, a dor de um homem. Ao mesmo tempo que
ia passeando a sua meninice e, não tendo mais remédio nem alternativa,
olhava e aprendia.»
(Posfácio: Vítor Silva Tavares, Depositária: Livraria Letra Livre)
José do Carmo Francisco
--

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por José do Carmo Francisco às 15:41


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