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Quarta-feira, 27.03.13
um tempo poético onde cabe o medo mas também o amor
«Tendências dominantes da Poesia Portuguesa da década de 50» de Fernando J.B.
Martinho
Fernando J.B. Martinho (n.1938) além de professor (Bristol, Santa Barbara,
Lisboa), crítico e ensaísta especializado em Poesia Portuguesa Contemporânea
(«Orpheu», «Presença», Pessoa, Sá-Carneiro) é também autor de dois livros de
poemas: «Resposta a Rorschach» e «Razão Sombria». Tal significa que, além de
conhecer a História, o autor conhece também o Ofício.
Esta é uma década de Revistas de Poesia como, por exemplo, Árvore, Pirâmide,
Cassiopeia, Cadernos do meio-dia, Graal, Távola redonda, A serpente, Sibila,
Notícias do Bloqueio, Tempo presente e Eros. Os anos 50 são o tempo da guerra
fria com a ditadura de Salazar a sentir uma certa estabilidade («Está tudo bem
assim e não podia ser de outra forma!») depois da entrada do país na OTAN
(1949) e na ONU (1955) sendo o conformismo geral abalado em 1958 pela
candidatura presidencial do general Humberto Delgado. Afirma o autor: «Quanto à
atmosfera mental da década, pode dizer-se que o cepticismo perante as utopias,
o pessimismo, por um lado, e a acentuação da singularidade, da individualidade,
frequentemente derivando para as formas extremas de solipsismo, por outro, é
que lhe dão o tom. De certo modo, a geração que assiste aos alvores da era
atómica, experimentando ao mesmo tempo «visões apocalípticas do final da
civilização» antecipa, pela desconfiança que começam a merecer-lhe as
ideologias e as grandes utopias e pelo refúgio no individual, ou mesmo por uma
ou outra afloração do mais virulento niilismo, a agonia da modernidade e a
entrada na cultura pós-moderna.»
Conclusão, precária embora: os anos 50 são mais que uma década, uma geração e
um grupo, são mais que dois percursos paralelos (surrealismo/neo-realismo), os
anos 50 são todo um tempo poético onde cabe o medo («O medo vai ter tudo») mas
também o amor («Tu não mereces esta cidade») de Alexandre O´Neill ao lado
do amor de António Ramos Rosa: «Não posso adiar o amor para outro século / Não
posso adiar o coração»). Fernando J.B. Martinho adverte: «A grande diferença
entre a «poesia de protesto, de revolta» da geração de Ramos Rosa e a poesia de
protesto neo-realista é que o que naquela está em causa são sobretudo os
reflexos dos «condicionalismos sociopolíticos» da consciência individual. De
resto, na linguagem da época, a «revolta» em oposição à revolução, assume um
carácter marcadamente individual». Apenas duas citações deste livro fascinante.
Fernando Lemos afirma: «Os Poetas escrevem da esquerda para a direita. Quando
os Outros lêem da direita para a esquerda, não entendem o que o Poeta lhes
diz». Natália Correia conclui: «Dão-nos marujos de papelão / Com carimbo no
passaporte/ Por isso a nossa dimensão / Não é a vida. Nem é a morte».
(Editora: Colibri, Capa: pormenor de um desenho de Cruzeiro Seixas)
José do Carmo Francisco
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José do Carmo Francisco
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