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Transporte Sentimental



Terça-feira, 12.03.13

aquela pensão era uma casa de família

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«Dona Berta de Bissau» de José Ceitil
Depois de um ensaio, de uma novela e da memória dos 90 anos de Os
Belenenses, José Ceitil (n. 1947) surge com um livro sobre esta personagem
da Guiné-Bissau e do Mundo que o autor conheceu através da sua filha Marta
Ceitil. Além do contacto pessoal e das conversas com as sobrinhas de Dona
Berta (Céu e Zezinha) e da irmã (D. Georgina), o autor convidou a depor
neste volume trinta pessoas dos mais diversos extractos sociais e
nacionalidades. Mário Beja Santos, por exemplo, recorda o seu casamento em
1970 na Guiné e um regresso em 1991: «Quando ali aterrei tanto podia
almoçar com holandeses ligados a projectos de saneamento de água em
Canchungo como peritos do Banco de Investimentos de África, como jantar com
os portugueses da Medicina Tropical ou italianos do Fundo Monetário
Internacional». Da «ajuda internacional» não ficou muita coisa: «os
tinteiros sem tinta, os cadernos de pauta sem todas as linhas, as caixas de
aguarelas incompletas em cores, as bolachas que se desfaziam na mão eram
exemplos da forma como a Guiné-Bissau era tratada pelos amigos
internacionalistas na fase em que precisava de ajuda a sério».
Depois de alguém lhe recordar que em dez anos o país já teve seis
presidentes da República, onze primeiros-ministros e quatro chefes das
Foças Armadas, Dona Berta afirma o seguinte sobre a situação na
Guiné-Bissau: «Desde que a democracia chegou o país nunca mais teve sossego
e estabilidade. Não quero uma ditadura mas esta democracia que querem fazer
aqui não tem nada a ver com a Guiné. As pessoas ainda não estão preparadas
para isso. É preciso adaptar a democracia ao que é a Guiné-Bissau. Caso
contrário não funciona». A casa de Dona Berta era uma pensão mas «aquela
pensão era mais uma casa de família do que uma pensão» segundo o bispo de
Bafatá. E havia na voz de Dona Berta um fio de esperança: «Vai haver paz.
Se os homens se entenderem… Sabe, um pão divide-se por quatro
pessoas. Agora se for só para um…não está bem! As pessoas têm
saudades da paz. Deus vai ajudar este povo. Que é um povo bom, pacífico.
Talvez tenha futuro mas é preciso perdoar o que já passou».
(Editora: Âncora, Capa: Sofia Ferreira de Lima, Prefácio: Marta Jorge)
José d
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por José do Carmo Francisco às 11:46


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