Saltar para:
Posts [1]
,
Pesquisa e Arquivos [2]
Transporte Sentimental
navegação
« dia anterior
início
dia seguinte »
Segunda-feira, 11.02.13
lugares e ofícios, gente e sentimentos, costumes e mistérios
«25 Mosaicos – Contos e não só» de António Manuel de Sousa Bernardes
As 25 histórias breves deste autor natural da Estremadura (Peso, S.
Catarina, 1935) são muito diversas. Englobam fábulas (leões, mochos,
corujas) e figuras da Natureza (rochedo) mas o grosso dos contos tem a ver
com a gente que povoa algumas aldeias estremenhas. Há nestas páginas
figuras de crianças, de homens ora desconfiados ora espertos e de mulheres
a contas com as suas tarefas transparentes (porque repetidas) mas sem as
quais a aldeia não vive.
A figura do suicida (uma suicida) surge no conto «O tio Mourão», António
Maciel de seu nome civil, que conta no sábado à noite no barbeiro do Casal
do Rio um episódio de feira: «Hoje na Banadita eu é que me impus. Têm a
mania de vir para ali todos janotas, soberbos por terem a carteira quente
mas, desta feita, um finório teve que lovar a bezegra por aquilo que eu
quis e não por aquilo que ele entendeu.» Afinal 26 notas de 100 escudos não
são 29 notas: o comprador ofereceu mais do que o vendedor pediu, este ficou
irritado por o outro lhe ter chamado Ti Zé. A vida ia correndo, a loja de
barbeiro ia mudar para um rapaz novo que namorava uma cachopa da Venda das
Raparigas quando um certo dia o tio Mourão descobre que a sua filha (Bina)
bebe o vinho que ele guardava para os amigos e para os cavadores à jorna.
Passado pouco tempo a rapariga atira-se para dentro de um poço («a
portinhola está aberta») de onde é retirada já sem vida pelo irmão mais
novo (Vítor) que para tal desceu numa canastra presa à corda da roldana.
Com a morte da filha e vivendo uma estranha situação matrimonial (viúvo e
casado com separação de bens, a mulher vinha do Vimeiro aos sábados
visitá-lo), o tio Manuel Mourão deixou de dar uso ao sacho na limpeza das
fazendas: («Mete dó olhar para as suas terras!») e desistiu de viver, aos
poucos.
Há nestas 196 páginas memórias cruzadas de lugares e ofícios, gente e
sentimentos, costumes e mistérios. Nem falta a expressão local de uma
oficina de cutelaria, daquelas que fizeram uma forte marca no tempo de
quase todos nós, os que somos dali e para sempre. Porque, como dizia
Vitorino Nemésio, «para nós a Geografia é mais importante do que a
História».
Nota final – os livros deste autor estão presentes na Livraria
Parnaso (Caldas da Rainha) e no Quiosque da Vila (Santa Catarina).
José do Carmo Francisco
--
Autoria e outros dados (tags, etc)
por
José do Carmo Francisco
às 20:55
link do post
comentar
favorito
navegação
« dia anterior
início
dia seguinte »
Mais sobre mim
ver perfil
seguir perfil
13
seguidores
Pesquisar
Pesquisar no Blog
pesquisar
calendário
Fevereiro 2013
D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
« Jan
Mar »
Posts mais comentados
lisboa «cool» - jornalist...
(9)
cristiano ronaldo vingou ...
(7)
J.H.Santos Barros e Ivone...
(6)
o gonçalo, chefe de redac...
(6)
à maneira de fernando alv...
(5)
Arquivo
2017
Fevereiro
Janeiro
2016
Dezembro
Novembro
Outubro
Setembro
Agosto
Julho
Junho
Maio
Abril
Março
Fevereiro
Janeiro
2015
Dezembro
Novembro
Outubro
Setembro
Agosto
Julho
Junho
Maio
Abril
Março
Fevereiro
Janeiro
2014
Dezembro
Novembro
Outubro
Setembro
Agosto
Julho
Junho
Maio
Abril
Março
Fevereiro
Janeiro
2013
Dezembro
Novembro
Outubro
Setembro
Agosto
Julho
Junho
Maio
Abril
Março
Fevereiro
Janeiro
2012
Dezembro
Novembro
Outubro
Setembro
Agosto
Julho