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Terça-feira, 05.02.13
hei-de caber em sete vírgulas - quatro sonhos
«Não mintas às pedras» de Fernando Grade
Cinquenta anos depois do primeiro livro («Sangria» - 1962), Fernando Grade
(n.1943) surge com este volume de 64 páginas no qual junta poemas da série «As
escrivãs do Diabo». São 50 anos de viagens em duplo registo (paisagem e
povoamento) que o poeta já pressente nas perguntas da página 7 («Pedras ou
chita? Lábios roubados ou tafetá?») e na conclusão da página 20: «As viagens
são a parte mais secreta e obscura da minha vida». Aqui todas as viagens têm um
mapa («Não há nenhum mapa de que não tenha o peso dos murmúrios») e no fim uma
moral: «O que fica da paisagem é uma chávena inglesa, um beijo que cresce da
boca até às raízes da vertigem». As balizas são as datas («As datas são pregos
rangentes») e a bússola uma religião redonda: «Quatro maçãs: a minha religião»
porque para o poeta «O meus Deus é o limão».
A viagem começa no passado do poeta («foi numa noite de Verão com vento / que
apareceu morto Billy the Kid / apunhalado na minha caixa de brinquedos») e vai
para o futuro: «Sei da vida o suficiente para não querer morrer calçado». Passa
pela cidade da morte («Os meus telefonemas estão (finalmente) preparados para
serem roídos pelo tempo») mas também a cidade da festa: «O sítio dos tristes
mudou de sítio / fazem o mesmo horário de sempre e estão aqui a roer as horas.
/ Esperam que a mosca de metal venha e poise (castiça) na última máscara».
Entre morte e vida, o sonho do poeta pode ser morrer a dançar como Carlos
Queirós em Paris: «Gostaria de morrer apunhalado num baile». O poeta viajou
muito com o poema, esteve em África («barrento – o bafo dos guerreiros»)
mas é da terra, desta terra: «Sinto-me e sou da terra; sei melhor do que
ninguém para que floresta trabalho». 50 anos depois, a mesma força de sempre, a
poesia continua: «A azeitona desloca-se para cima / torna-se luz, candelabro de
noivos desnudos. / O azeite esmagado por lábios de medusa. / Circo de muitas
pedras romanas».
(Editora: Mic – Apartado 4 – 2766-601 Estoril Codex)
José do Carmo Francisco
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José do Carmo Francisco
às 15:25
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