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Domingo, 02.12.12
a água é o limite entre a vida e a morte
«Cadernos do Chade – dias de pó na fronteira do Darfur» de Sandra
Ferreira
Sandra Ferreira (n.1970) colabora no Programa Gulbenkian de Ajuda ao
Desenvolvimento e trabalha há mais de 15 anos na área da Saúde –
Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste são
alguns dos países nos quais coordenou projectos. Fundou os Médicos do Mundo
em Portugal (2002) e dirigiu em Moçambique a Agência Espanhola de
Cooperação (até 2005).
Da sua experiência no Chade em 2005 surgem estes «cadernos». O registo é
pontuado por citações de T.E. Lawrence, Marcel Proust, Fernando Pessoa,
Gabriela Llansol e Scott Fitzgerald. O objectivo é «registar pedaços desse
tempo» mas a dupla inscrição surge logo à chegada: «Estamos em 2005 mas
este é o ano 1426 do calendário árabe; o Chade é um estado laico, usamos o
calendário ocidental mas o tempo árabe está presente». Cinco dias depois da
chegada, anota o desconforto: «Os telefonemas não chegam ao destino, a água
não corre, o quarto não existe». A realidade é instável: «Refugiados,
autoridades, população local e agências humanitárias compõem uma linha de
frágeis equilíbrios». A vida num campo de refugiados é feita de rotinas:
«Centenas de mulheres com crianças esperam à sombra a sua vez para recolher
o suplemento alimentar conhecido por CSB Corn Soy Blend.» Forçados a fugir
das suas terras no Darfur», uns são deslocados no Sudão, outros refugiados
no Chade. Para todos, o mesmo problema: «Esta terra é dos árabes, os negros
têm de sair». Perante as carências dos refugiados e das populações locais
surge a pergunta («Como se define um pobre?») e aqui a resposta é «água,
abrigo e alimentação». A água surge em primeiro lugar: «Aqui a água é
simplesmente o limite entre a vida e a morte». Perto do fim uma conclusão,
provisória embora: «quando tudo falha a intervenção humanitária ainda faz
sentido». E uma advertência: «O conformismo é o pior dos venenos da nossa
sociedade».
Nota final – em 2012, 10 anos depois dos primeiros deslocados do
Darfur, há 288 mil refugiados no leste do Chade, dispersos por 12 campos.
(Editora: Tinta da China, Apoio: Instituto Português de Apoio ao
Desenvolvimento)
José do Carmo Francisco
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por
José do Carmo Francisco
às 14:43
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