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Transporte Sentimental



Quarta-feira, 14.11.12

outras leituras de 2007

29.jpg

«Termo de Óbidos» de João Miguel Fernandes Jorge

A partir do Bombarral o espaço dos poemas inclui Sobral, Delgada, Adão
Lobo, Pêro Moniz, Salgueiro, Casalinho, A-dos-Ruivos, Columbeira,
Barrocalvo, Carvalhal, Óbidos, Rio Maior, Caldas da Rainha: «Voltei ao café
onde me levavam quando rapaz. /E onde entrei algumas vezes quando ia às
Caldas. /Na parede o unicórnio, o cavalo alado, um terceiro espécime mais
pequeno que certa aura ilumina bailado em ouro de gentileza /sobre azul que
fôra turquesa e o restauro tornou azul ganga.» O ponto de partida é a
memória mas não apenas pessoal («Já passaram tantas coisas pelas nossas
mãos e imagens que foram dor e alegria já se foram além para a distância da
tela povoada de noite») mas também aberta à História: «Nem se fala sequer
de um drama esquecido – pústula de que nos envergonhamos – os
que morreram / e chegavam dentro de um caixão / nem mereceram o nome a
letra de ouro / no átrio do município ou a negro / na mais sombria parede
da igreja paroquial». A taberna, por exemplo, pode ser a doce memória da
infância («D. Beatriz tirava de dentro de um balde mergulhado no poço / a
laranjada que eu bebia em dia de muito verão») mas também o fascismo (a
taberna na política): «As tascas vendiam o negro vinho ofereciam a quem
passava o cheiro húmido moldado em serradura. / Tinham um ar soturno esses
senhores, sei hoje homens do regime». A memória viaja entre a paisagem («O
meu pai levou-me à lagoa de Óbidos e tentou mesmo as salinas de Rio Maior»)
e o povoamento sentimental da paisagem em «E eu ia com meu pai»:
«ensinou-me o bem e o mal, a recordação e o esquecimento». O único poema
fora desta geografia, memória do Liceu Passos Manuel (Lisboa), é chave do
livro: «o passado tem feridas que nunca vão sarar e se as recordo, estou a
esfregá-las com sal.»
(Editora: Relógio d´ Água, Capa: sobre desenho de João Cruz Rosa)
José do Carmo Francisco
--

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por José do Carmo Francisco às 23:14

Quarta-feira, 14.11.12

recado à jornalista catarina carvalho

Image.jpg

Furgoneta não é camioneta , Citroen não é o mesmo que Renault
A jornalista Catarina Carvalho na Revista do DN no domingo anterior à chamada
«super terça-feira» americana entrevistou um político americano de origem
portuguesa (Tony Cabral) e no meio do texto surge uma referência às Bibliotecas
Itinerantes da Fundação Gulbenkian. Tudo bem. Eu (nascido em 13-2-1951) também
aprendi a gostar de livros através dos empréstimos da Biblioteca Itinerante que
ia à minha terra, Santa Catarina – Caldas da Rainha. E ainda me lembro de
um bibliotecário simpático me dizer que «O cavalo espantado» de Alves Redol não
era para a minha idade. E não era. Mas o problema surge na referência à marca
da furgoneta e não camioneta - como por lapso aparece na entrevista. O
entrevistado refere a marca Renault mas é bem Citroen. Muita gente gosta da
marca Citroen por causa dessas furgonetas. Eu tenho comprado automóveis da
Citroen desde 1983 e nunca pensei sequer em mudar de marca. Ainda me lembro da
matrícula do primeiro automóvel que tive, um Dois Cavalos – era NH-83-30.
Posso não saber de cór a matrícula actual mas a primeira não esquece nunca.
Ainda outro dia (2012) fiquei, surpreso, comovido e parado, a olhar longamente
para um automóvel de matrícula quase igual à minha de 1983 na Rua da Voz do
Operário.
Mandei um «mail» a chamar atenção para o duplo erro mas só hoje descobri uma
fotografia que não deixa dúvidas a quem, porventura, algumas dúvidas sobre o
tema ainda tivesse. Não é o meu caso. Mas a fotografia tem outra força. Mandei,
como já referi, um «mail» para o Diário de Notícias mas não obtive resposta e
por isso aqui deixo a foto esclarecedora – o emblema da Citroen está ao
lado da cara da menina. Foi na Livraria Bonecos Rebeldes (Escadinhas do Duque)
que me emprestaram a fotografia. Obrigado senhor Vilela.
José do Carmo Francisco
--

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por José do Carmo Francisco às 12:24


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