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Transporte Sentimental



Sábado, 13.10.12

tomás a passear junto ao paragon

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Vinte Linhas 834
Dissertação para um pequeno homenzinho de seis anos
Hoje sábado, dia 13-10-2012, o telefone fixo tocou na casa da minha filha Ana
em Londres e foi atendido pelo meu neto Tomás. Do alto dos seus seis anos de
idade feitos em Julho, lá se explicou primeiro com a avó e depois com o avô.
Esclareceu que o pai estava no jardim e a mãe a dar o almoço ao bebé Lucas. Com
toda a calma falou na sua escola em Brooklands Park e da estrela que recebeu
esta sexta-feira como prémio ao melhor aluno da semana.
O que mais me deixou emocionado foi o tom seguro, o à-vontade e o desembaraço
do meu neto que já é um homenzinho. Nunca tinha atendido uma chamada no
telefone fixo e a partir de hoje tudo será diferente. Fico feliz por ele e
pelos pais – Ana e Ian. Pela avó Amália e pela outra avó – Joan.
Por todos nós que estávamos a seu lado no Hospital Universitário de Londres em
2006. Os anos de 1929 (bisavó), 1951 (avô) e 1978 (mãe) marcam o nascimento dos
seus antepassados que iniciaram gerações. Ele vem de 2006 e hoje mostrou ser
capaz de atender o telefone em nome da família de Blackheath Park. Comovido com
a sua conversa, recordei o meu primeiro dia de trabalho em 9-9-66 e o matinal
telefonema que atendi no primeiro andar do nº 110 da Rua do Ouro. O seu tom de
voz decidido, prático e explícito, ligou estas duas realidades com 46 anos de
intervalo. Eu em Lisboa e ele em Londres, eu na velha casa frente a São Pedro
de Alcântara e ele a passear junto ao Paragon depois de atravessar a Morden
Road onde viveu Charles Gounod. Ainda mais comovido fiquei quando fui buscar as
palavras da minha avó de Santa Catarina que me recomendava: «Nunca dês parte de
fraco!». Tomás provou ser já um homenzinho mas a recomendação não se perde. Vem
do tempo em que o avô tinha a mesma idade do Tomás e chega embrulhada em
lágrimas quentes e teimosas.
José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 22:38

Sábado, 13.10.12

a vida não é um negócio e vale mais que um negócio

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Vinte Linhas 833
A febre, o delírio e a alucinação das esplanadas
Vivo no Bairro Alto desde 1976 e em 2002, quando a EMEL assumiu o controlo
do espaço de estacionamento na zona, comecei a ser multado. Na rua onde
vivo, existe um muro a todo o comprimento da mesma, sem janelas nem portas,
mas a EMEL só marcou 4 lugares em vez de 12. Para evitar multas e neuroses,
vou estacionar em Sete Rios e na Graça, onde a EMEL ainda não chegou. Isto
explica que não estou de acordo mas sou obrigado a aceitar o que a EMEL faz
no Bairro Alto. Há dias a Polícia Municipal rebocou uma viatura estacionada
num lugar gerido pela EMEL. Mas se desde 2002 existem espaços marcados na
zona pela entidade responsável, pode parecer estranho que só em 2012
apareça uma reclamação. E logo dirigida à entidade errada: PM em vez de
EMEL. E logo resolvida da pior maneira: multar o morador que estacionou
legalmente. Mas nada é estranho no Bairro Alto. O que se passa é uma febre,
um delírio e uma alucinação colectiva pois qualquer comerciante aspira a
ter a sua esplanada. Não interessa à custa de quê. Pode até ser à custa de
um lugar de estacionamento gerido pela EMEL. Ganhar dinheiro custe o que
custar e doa a quem doer, é mais importante do que tudo o resto. O espírito
de favela está a ser imposto aos poucos. Minutos depois de o morador ter
sido multado já as mesas da esplanada estavam colocadas no espaço gerido
pela EMEL. E bastaria a PM ter contactado a Junta de Freguesia para saber
da ilegalidade da esplanada. A PM não pode tomar partido contra os
moradores. A vida não é um negócio e vale mais que um negócio. Não conta a
desculpa esfarrapada «estava muito perto da porta» porque esse é um assunto
da EMEL e desde 2002 ninguém se queixou dessa proximidade. Na febre da
esplanada uma conclusão: quando a Municipal bate na Municipal quem se lixa
é o mexilhão. O morador.
José do Carmo Francisco
--

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por José do Carmo Francisco às 08:55


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