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Transporte Sentimental



Sexta-feira, 12.10.12

a cml está sempre do lado errado

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Vinte Linhas 832
Mais uma atitude contra os moradores do Bairro Alto
Acabei de saber que a Polícia Municipal multou um morador do Bairro Alto
cuja viatura estava bem estacionada num espaço criado e sinalizado pela
EMEL. Pode parecer um caso isolado mas não é; como dizia o poeta Eduardo
Guerra Carneiro «isto anda tudo ligado». O facto de a Polícia Municipal não
ter hesitado e ter multado o dono da viatura que estava legalmente
estacionada, significa que os poderes tomam partido no conflito de
interesses e sempre contra os residentes. A CML quer mesmo rebentar com a
vida dos moradores. Falando por mim sinto que a minha casa vale cada vez
menos em vez de aumentar o seu valor. Vivo aqui desde 1976 e pedi um
empréstimo para comprar a casa em 1980. Paguei as prestações até 2005.
Foram 25 anos de sacrifícios. Muitas vezes cheguei ao fim do mês e levantei
cheques na tesouraria do Banco onde trabalhava. Outras vezes fazia as
compras na Cooperativa dos Bancários com uma requisição do Grupo Desportivo
do BPA. O efeito era simples; num tempo em que não havia cartões de
crédito, tanto o cheque pago na tesouraria como a requisição do Grupo
Desportivo, davam uns dias para pagar mais tarde. Esta casa, paga com tanto
sacrifício, está a ser desvalorizada todos os dias pela CML. Por exemplo:
da janela da cozinha da minha casa via-se o rio Tejo mas depois de umas
obras clandestinas no prédio em frente agora já não se vê. A venda e o
consumo de bebidas alcoólicas nas ruas, o vomitado, as garrafas partidas,
os dejectos humanos, o cheiro nauseabundo, os copos de plástico, o barulho
ensurdecedor, a falta de respeito pelos direitos do morador, a ausências de
inspecções aos estabelecimentos ilegais, tudo isto leva um vizinho a fazer
humor: «os bares ilegais não têm casa de banho porque eles próprios são do
tamanho de casas de banho.» Mas isto não tem graça nenhuma.
José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 18:50

Sexta-feira, 12.10.12

continuando em 2007

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«Querido traficante» de Júlio Conrado

Embora seja mais conhecido como crítico literário, Júlio Conrado (Olhão –
1936) tem neste «Querido traficante» já o seu oitavo romance. Foi vencedor do
Prémio Vergílio Ferreira em 2006 com o seu próximo livro de ficção «Estação
ardente». As personagens deste romance movimentam-se num cenário recente: a
passagem do milénio. A ponte de Enre-os-Rios que «tombou como uma peça de
dominó no rio Douro», os peelings e os liftings das damas do jet set, o crime
de Fortaleza, o assalto às torres gémeas de Nova Iorque: «De um instante ao
outro se esfanica a aura de uma América impune e arrogante.» Este é o tempo mas
o lugar é Portugal, onde também chegou (mas tarde) uma certa ideia de Europa:
«o povo, mergulhado em duradoura melancolia e sem vislumbrar saída para os seus
agravos, vivia resignadamente aquilo a que um escritor além-Pirinéus chamara um
dia «os tempos cobardes da democracia». Os encontros e desencontros deste
enredo são múltiplos: começam num jantar no Guincho com diplomatas de dois
países a propósito das palavras de um deputado português sobre um país da
América Latina e acabam num crime com um velho retornado a matar a sua mulher.
Pelo meio um jogo de acasos faz com que um assalto a uma exposição com desenhos
de Picasso se intrometa na vida dum traficante aflito e sem dinheiro cuja irmã
é uma modelo bem cotada no mundo da moda. E também uma escritora light que
deixa morrer uma professora universitária que gostava de meninas e falava muito
de Roland Barthes. Este livro lê-se com prazer no ritmo dum policial até à
página 222; nela se descobre que o acaso é o grande mestre.
(Editora – Campo da Comunicação, Capa – Duarte Camacho)
José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 16:30

Sexta-feira, 12.10.12

mais um livro de 2007

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«D. Duarte» de Luís Miguel Duarte

Não por acaso este volume tem o subtítulo de «Requiem por um rei triste». Na
verdade D. Duarte, o décimo-primeiro rei de Portugal, filho de D. João I e de
D. Filipa de Lencastre foi um rei muito especial. Nascido em Viseu no ano de
1391 e armado cavaleiro aos 24 anos, casou-se em 1428 com D. Leonor de Aragão
tendo sido aclamado rei em 1433. Faleceu em Tomar no ano de 1438 deixando um
reino dividido entre o seu irmão D. Pedro e a sua viúva, a rainha D. Leonor.
Marcado desde o século XIX pela imagem fortemente negativa que dele traça
Oliveira Martins, a vida de D. Duarte é fascinante: escreveu dois livros,
deixou outro de notas e apontamentos, ajudou D. João I na governação, foi pai
de nove filhos, sofreu uma depressão, durante o seu reinado os Portugueses
dobraram o cabo Bojador e perderam uma batalha – e ele perdeu um irmão
– em Tânger.
Um dos aspectos mais curiosos da sua vida tem a ver com a sua especial relação
com a escrita: «D. Duarte introduz pela primeira vez na língua portuguesa
alguns latinismos que depois se tornaram vocábulos de raro sucesso: fugitivo,
evidente, sensível, abstinência, infinito, circunspecto ou intelectual são
alguns deles. De resto algumas das melhores páginas do Leal Conselheiro são
precisamente aquelas em que ele medita sobre a língua: é o caso da análise de
campos semânticos como tristeza, nojo, aborrecimento, pesar, desprazer,
saudade, avisado, percebido, previsto e circunspecto. O que lhe faltou
eventualmente em fluidez e elegância de escrita, sobrou-lhe em visão política,
em capacidade de articular o passado e o futuro ao serviço de uma ideia de
reino.»
(Editora – Círculo de Leitores, Capa – F. Rochinha Diogo)
José do Carmo Francisco
--

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por José do Carmo Francisco às 16:28


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