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Transporte Sentimental



Quinta-feira, 23.08.12

Bairro Alto terra queimada

Image.jpg

Vinte Linhas 820
Uma «outra pomada» numa Visão defeituosa sobre o Bairro Alto
Na página 18 do suplemento Sete da Visão de 23-8-2012 aparece uma «pérola»
assinada por Inês Rapazote. Sem qualquer pudor e tomando partido contra o
sossego dos moradores, o texto termina de modo irónico e convidativo a
prevaricar: «É um sítio engraçado para se beber um copo de vinho antes ou
depois do jantar. Mas esteja atento às horas (há um relógio de origem na
parede): o espaço fecha à meia-noite. Sabe-se lá se quem infringir a lei
não se transforma em abóbora…» Fingindo desconhecer que no Bairro
Alto vivem pessoas (que teimam ainda em viver num espaço que para muitos é
terra queimada) a jornalista assina um recado contra as leis, lamentando de
forma óbvia que aquela casa (a que chama wine bar) tenha que fechar à meia-
noite.
Nem reparou no sentimento de impunidade daquela gentinha ostensivamente
sentada nos passeios que tomam como seus e não do Bairro, nem reparou na
venda e no consumo de álcool por menores na rua, nem reparou no tamanho dos
bares sem instalações sanitárias pois são do tamanho de instalações
sanitárias, nem reparou no barulho ensurdecedor dos bares com música ao
vivo, nem reparou nos «aflitos» que urinam contra as portas dos nosso
automóveis, nem reparou na dificuldade em circularem as viaturas não só dos
moradores mas também das autoridades e bombeiros, nem reparou que um canal
americano já nos comparou ao bairro mais pobre de Bagkok, um bairro onde
tudo é possível. Não viu nada disto mas soube ver que eles, coitados, os
da loja devem fechar às zero horas. Ora abóbora, senhora jornalista.
Deixe-se de conversas e venha ver o que é um bairro degradado onde muitos
interessados querem rebentar com os moradores para ficarem só bares e
restaurantes.
José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 16:35

Quinta-feira, 23.08.12

cem anos depois a fotobiografia do Titanic

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Um livro por semana 294
«Titanic – sobre o oceano da História» de Marina Tavares Dias
Marina Tavares Dias (n. 1962) começou a aventura deste livro com um postal
adquirido em Paris e reproduzido na página 127. Mesmo com a experiência dos
seus livros anteriores sobre Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, além dos
outros volumes sobre Lisboa Desaparecida e Lisboa Misteriosa, não deve ter sido
fácil trabalhar nesta espécie de «Fotobiografia» do Titanic. Afinal existem
perto de 900 livros sobre o tema – em 2012 passaram cem anos sobre o
naufrágio do navio que se julgava incapaz de naufragar. Mas este não é mais um
livro e por várias razões. Porque não isola o caso Titanic antes o integra no
processo mais geral das tragédias do mar. Em 1854 o Tayleur encalhou e afundou
5 milhas a leste de Dublin. Morreram 360 dos 650 passageiros e a companhia era
a mesma (White Satr Line) mas só ficou o Titanic para a História. Em 1945 o
navio alemão Wilhelm Gustloff foi afundado e teve três vezes mais mortos que o
Titanic mas o seu nome não é lembrado.
14 de Abril de 1912 será uma data para sempre: «O Titanic leva todos os
escaleres exigidos por lei. Ou seja: cerca de metade dos passageiros está
condenada à partida. O número de passageiros salvos não excede 1180, para trás
ficaram mais de 1040 pessoas». Por isso o Carpathia que foi em socorro do
Titanic foi chamado o «navio das viúvas». Sabe-se que enquanto o navio se
afundava a orquestra dirigida por Wallalce Hartley tocava Rossini, Strauss,
Verdi e St. Saëns sem parar mas o navio já tinha problemas em Belfast com a
ascensão do nacionalismo irlandês: «As mãos que construíram o Titanic não eram
já totalmente despolitizadas, nisso diferindo das que tinham dado forma e
futuro aos veleiros que, décadas antes, tinham feito a fama da Harland &
Wolff». Uma nota final sobre os portugueses que morreram no Titanic (José Neto
Jardim, Domingos Fernandes Coelho, Manuel Gonçalves Estanislau e José Joaquim
de Brito) e cujo desaparecimento não foi divulgado à época nos jornais
portugueses.
(Editora: Objectiva, Capa: Panóplia, Paginação: Ricardo Cardoso, Revisão:
Manuel Eugénio Fernandes)
José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 10:50

Terça-feira, 21.08.12

Abadia, na eira da memória

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Vinte Linhas 819
Algures a caminho da Senhora do Monte
Conheço muitos fotógrafos que não gostam das fotos a cores; dizem que a
vida real é a preto e branco, as cores são uma invenção mecânica. Eu gosto
muito destas fotografias talvez porque nasci em 1951 num tempo em que as
fotografias eram tão raras. Ofereciam-se retratos «como prova de amizade»
– para o meu querido padrinho, para a minha saudosa madrinha. Esta
foto terá a data de 25 de Abril de 1977, dia do aniversário da Vó Mam e foi
tirada na eira da Abadia. Como diz o poema «estamos todos felizes porque
não tinha morrido ninguém» mas corrijo de imediato pois tinha-lhe morrido o
marido em 1954, uns meses antes do nascimento da Conceição. Estão os filhos
todos, além de Conceição, a mais nova – Cecília, Natália, Júlia,
Ermelinda, António e José. Estão os tios, seus irmãos mas só recordo quatro
nomes – Tia Corina, Tio Chico, Tio Artur, Tia Julinha. Todas as horas
nos ferem e eu não sou excepção. Não me lembro de todos mas não esqueço o
Paulo, aqui junto da sua Tia Natália que tem para com ele um gesto de
ternura. Foi o primeiro a sair da fotografia em 1982, uma dôr absoluta para
todos nós. Morreu por excesso de gentileza para com alguém a quem deu
boleia inesperada e a viatura perdeu-se no meio da neblina. O olhar do
Paulo permanece trinta anos depois da sua insólita morte. Outro dia no
«facebook» a sua irmão Xaninha recordou esta data. O tempo voa. A vida é um
mistério, não é um negócio. Por isso, nós nada sabemos nem do amor nem da
morte. E tudo gira à volta dos dois: por amor entendemos a reunião, por
morte a separação, por amor entendemos a felicidade, por morte a desolação,
por amor entendemos o júbilo, por morte o desespero. Filosofias à parte,
tudo vai lá parar, lá, a um lugar onde não há mentira nem ódio nem
esquecimento porque o tempo não destrói as coordenadas de quem foi feliz.
José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 22:42

Terça-feira, 21.08.12

O tempo em Sarilhos Pequenos

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Um livro por semana 293
«Fragateiros do Tejo» de Marcolino Fernandes
Com o subtítulo de «O quotidiano das populações da Borda d´Água nos
anos 40, 50 e 60 do século XX», bem poderia ter o nome de «Fotobiografia»
pois junta ao testemunho do autor um conjunto alargado de fotografias e de
pinturas alusivas à vida dos fragateiros de Sarilhos Pequenos. O autor
define-se como fragateiro: «Nasci numa pequena aldeia da Margem Sul,
Sarilhos Pequenos, que dista 8 milhas marítimas da capital, onde 95% dos
homens foram fragateiros». Esta actividade de transporte em fragata de
produtos entre as duas margens terminou em 1976 devido à proliferação das
pontes sobre o Rio Tejo: Vila Franca de Xira em 1951, Lisboa em 1966,
Sacavém em 1998 e Carregado em 2007. As mercadorias transportadas eram as
mais diversas: açúcar, farinha arroz, café, amendoim, farinha de peixe,
cortiça, madeira, vinho, sal, carvão, trigo, milho, soja – e outras.
A vida em Sarilhos Pequenos era dura nos anos 50: «não havia electricidade,
não havia saneamento básico e não havia água canalizada». O contraponto
eram as brincadeiras dos rapazes e raparigas além das visitas da carrinha
da Gulbenkian: «quem se lembra dela? Quantas gerações poderão partilhar as
memórias evocadas a propósito de livros e leituras nos tempos que correm?»
Durante muito tempo uma data permaneceu na memória dos fragateiros –
15 de Fevereiro de 1941. Dos 21 fragateiros mortos devido ao ciclone no
Tejo três eram de Sarilhos Pequenos – Manuel Pança, Américo Ferrão e
Hermínio José. Além das memórias dos fragateiros, este livro recorda outras
profissões do tempo: serradores, salineiros, descarregadores, varinas,
apanhadores de ostras, taberneiros, carroceiros, carpinteiros, calafates,
pintores – entre muitas outras. Com 206 páginas de texto e largas
dezenas de fotos, esta é uma «Fotobiografia» pioneira do tempo dos
fragateiros de Sarilhos Pequenos – as suas viagens e suas tarefas, os
seus esforços e suas festas, a sua vida e a sua morte.
(Editora: Orfeu-Bruxelas, Prefácio: José Manuel Saldanha, Apresentação:
Joaquim Pinto Silva, Capa: Carlos Romão)
José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 12:29

Segunda-feira, 20.08.12

O poema é uma forma de oração

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Vinte Linhas 818
Da pensão que gosta do cão ao poeta que gosta da oração
A minha Universidade foram os jornais – os que li desde criança como
educação sentimental e aqueles onde tenho escrito desde Agosto de 1978. Mesmo
divorciado de muito jornalismo que por aí se edita, continuo a ler jornais ao
fim de semana. Aprendi com o meu avô de Santa Catarina que a vida é como a
morte de São Bernardo – uns a rir, outros a chorar. No Diário de Notícias
de Sábado leio um pormenor tenebroso numa reportagem sobre o Alqueva: os
proprietários de uma casa de hóspedes afirmam «São proibidas crianças mas
admitidos animais domésticos, temos muitos pormenores na casa que poderiam
estragar-se se houvesse crianças». É pena que os animais domésticos que mataram
uma criança no Norte e feriram com gravidade o dono de um bar no Sul não sejam
visitantes desta casa de hóspedes no Alentejo. No Domingo leio uma entrevista
de José Tolentino Mendonça, padre e poeta, que confirma ser a «Salvé Rainha» a
oração que o poeta Mário Cesariny de Vasconcelos definia como o melhor poema
que existe. Vejamos: «Salvé, Rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura,
esperança nossa, salvé! A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A Vós
suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada
nossa, esses Vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E, depois deste
desterro, nos mostrais Jesus, bendito fruto do Vosso ventre. Ó clemente, ó
piedosa, ó doce Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que
sejamos dignos das promessas der Cristo».
Se todo o poema é uma forma de oração pois junta de novo dois mundos separados
pela morte e pela distância, esta oração é já um poema que se diz em voz alta.
Coisas do Mundo; lado a lado a repugnância e o amor. Nos jornais como na vida,
tudo é amor e morte.
José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 23:21

Domingo, 19.08.12

a foto que faltava

Digitalizar0001.jpg

Por falta de perícia minha a lidar com coisas de informática falhou a
publicação da foto de Alice Ruivo na nota de leitura sobre o seu livro. Faltou
também o nome de António Pires de Lima como autor do prefácio do mesmo livro.
Espero que desta vez tudo corra bem. José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 19:20

Domingo, 19.08.12

Entre a Baixa e o Castelo

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foto de um acrílico de Oleg Basyuk (Lisboa)

A mais pequena livraria do Mundo -
Livraria do Simão

Fica nas Escadinhas de S. Cristóvão nº 18 (à Rua da Madalena) na Baixa, tem
o telefone 211106666 e o código postal 1100-512 Lisboa. O seu proprietário
Simão Carneiro tem 37 anos de idade, uma licenciatura e uma pós-graduação
em Enologia mas o seu mundo é este: livros usados, raridades
bibliográficas, discos, papéis antigos, gravuras, manuscritos e banda
desenhada. A casa tem um metro de largura e 3,80 metros de comprimentos
– o que perfaz 3,80 metros quadrados. De tal modo é maneirinha a
livraria que quando o cliente curioso entra, o seu proprietário tem de
sair. Não há espaço para dois seres humanos lá dentro. O espaço foi
arrendado há quatro anos e tem uma frequência interminável de gente que vem
do Castelo para a Baixa a pé. Ouve-se falar inglês, castelhano, francês,
italiano, russo. Os turistas acham graça e às vezes compram.

Há aqui um pequeno «stock» de livros estrangeiros.


Mas há quem recorde este espaço como uma tabacaria onde em tempos passados
os rapazes das redondezas compravam cigarros à unidade – 3 cigarros
«Provisórios» por 5 tostões, 5 cigarros «Definitivos» por 10 tostões. E o
inevitável «Condor Popular» mais o «Cavaleiro Andante»; nos mais antigos
ainda a memória do pioneiro, «O Mosquito».

Hoje a mais pequena livraria do Mundo tem o seu espaço quase repleto de
raridades bibliográficas: Jorge de Sena, Ruy Cinatti, António Botto,
António Nobre, Vitorino Nemésio, José Saramago, a antologia da Poesia
Portuguesa do século XX da Moraes Editores. Há de tudo, entre 80 e 1.000
euros. Mas também há muitos livros a 5 Eur e até a 1Eur…

Desde que a descobri numa tarde de Verão tenho ido lá com frequência e
nunca me desiludi. Aparece sempre uma surpresa agradável. Há de tudo e para
todos os gostos: desde a biografia de Marilyn Monroe ao livro de
entrevistas de Fernando Assis Pacheco, desde um livro de crónicas de Rubem
Braga à obra poética de Carlos Drummond de Andrade. Ou seja – o
Sentimento do Mundo na mais pequena livraria do Mundo.

JCF
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por José do Carmo Francisco às 19:17

Sexta-feira, 17.08.12

O Cristo continua. O Judas, não.

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Vinte Linhas 817
Fernando Grade - 50 anos depois do primeiro livro
Corria o Verão de 1962 e Fernando Grade (n.1943) era um jovem de 19 anos à
procura de editor para o seu primeiro livro de poemas –« Sangria». Munido
de um fato completo com gravata e tudo, entra na Livraria e Editora Guimarães
na Rua da Misericórdia em Lisboa. Leva na mão o original dactilografado do seu
livro. É recebido pela «Leoa», como carinhosamente era tratada entre a gente
dos jornais a esposa de Francisco Cunha Leão, o director da Casa que também foi
director do jornal Diário Popular. Fosse ou não por essa circunstância, a
senhora referiu que já conhecia o nome do poeta do Suplemento Literário o
referido jornal. Pois que sim: além do Popular, Fernando Grade havia publicado
poemas no Diário de Lisboa, no República e no Diário de Notícias. Passadas três
semanas recebe o poeta no Estoril uma carta formal a confirmar pela Editora a
aceitação do original; o poeta Alexandre O´Neill era ao tempo o informal
«conselho de leitura» da Guimarães. No dia em que assinou o contrato de edição
conheceu nas instalações da Casa a escritora Agustina Bessa Luís.
Cinquenta anos depois do primeiro livro, muitos livros depois, fica uma simples
chamada de atenção para um poema de Natal – «O Cristo Negro». Em
1973-1974. Assim:
«O Cristo continua. O Judas, não. Meu Cristo negro, as serranias arrefecem
lentamente. Esperámos toda a madrugada o escriba silencioso. Perdeu-se nas
ervas que cantavam baixinho. Entre o som e a prece, aqui estamos, aldeias
destruídas vão também cantar. Falta um pedaço de fogo. Falta o sinal na água,
o dedo cósmico. Se tu ainda vivesses, oh Cristo cristão, serias pelos Árabes.
Andarias com eles a assaltar aviões. E não terias petróleo para os vendedores
de alpista – para os ladrões de gado».
José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 22:46

Quinta-feira, 16.08.12

Conversa de autocarro

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Vinte Linhas 816
A rolha do tanque e o Pai-do-Céu escangalhado
«Sabe vizinha, o compadre da minha prima, aquele parvalhão que na porta da Sé
de Lisboa se preocupava mais com os botões da casaca de asa de grilo do que com
as pessoas do casamento e virava as costas quando percebia que as pessoas eram
convidados do lado da noiva? Pois esse trambolho agora em 2012 anda a falar no
morgadio, uma coisa que acabou em mil oitocentos e tal, e diz que o morgado é o
filho mais velho ou seja o cunhado da minha primita. Por exemplo falam na casa
da terra lá para a Beira Baixa e o palermazão diz logo que o irmão mais velho
tem prioridade nas férias lá na casa porque ele é o morgado.
Como se tal não bastasse o tal cunhado da minha primita é que põe e dispõe do
cartão multibanco da velhota. Eu chamo-lhe a rolha do tanque que é como na
minha terra chamam às mulheres pequenas e rasteirinhas. Já a ele chamo-lhe o
Pai-do-Céu escangalhado porque os ombros estão caídos e não seguram os casacos.
Aquela parte da família da minha primita é uma cambada de chulos que vive à
custa da pobre taralhouca que só serve para receber a reforma. De resto não
goza nada. Ela é parecida com a mulher do nosso vizinho, uma triste que trata o
marido por senhor Domingos e está sempre a dizer para as vizinhas –
Quando o senhor Domingos morrer, eu vou logo a seguir.
São as duas pequeninas e são parvas ambas por isso está muito bem visto o nome
que usam na minha terra. Rolha do tanque. Mesmo quando já pouca gente tem em
casa o tanque de lavar a roupa, mesmo assim continua a valer a frase. Mas isto
de frases engraçadas está tudo a desaparecer como os autocarros. Olhe o 790 foi
um ar que lhe deu, era o autocarro dos Hospitais e acabou. Qualquer dia
voltamos a 1945; só havia transportes até ao Areeiro.»
José do Carmo Francisco
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por José do Carmo Francisco às 16:09

Terça-feira, 14.08.12

Se a carripana fosse portuguesa

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Vinte Linhas 815
EMEL, carripana belga e já nem São Roque nos vale
Já passaram quatro dias e ainda não aconteceu nada. Uma carripana de
matrícula belga está desde Sábado passado (hoje é Terça) frente ao
Miradouro de São Pedro de Alcântara que fica ali por detrás da Igreja de
São Roque. A carripana de matrícula belga dá ainda mais nas vistas porque
ocupa dois lugares, não apenas um. Outra coisa que dá nas vistas é a EMEL,
sempre tão diligente a multar e rebocar viaturas de portugueses (e até de
residentes!) mas tratando-se de uma viatura com matrícula não-portuguesa
está a hesitar (já passaram quatro dias!) e nada faz para limpar o terreno.
Trata-se mesmo de limpar; aquilo não pode estar ali.
Numa zona perto do Camões e do Chiado, definida pela Câmara Municipal de
Lisboa como espaço prioritário para o estacionamento, não se percebe a
razão que terá levado a EMEL a não fazer nada – nem a multa nem o
reboque. Até parece que, tal como a ASAE nada faz perante os bares ilegais,
o barulho na rua, os vidros partidos e a urina a competir com o conteúdo
dos copos de cerveja no chão do Bairro Alto, neste caso a EMEL sofre de uma
estranha distracção. Por isso a EMEL não actua. Mas actuava com o
jornalista Joel Neto que viveu alguns anos no Bairro alto e se foi embora
farto de pagar tantas multas. As mesmas multas quea EMEL tem poupado à
carripana de matrícula belga desde Sábado até hoje Terça.
Se, como diz a CML, o espaço para estacionar é um bem a escassear, se a
EMEL é tão eficiente a multar e rebocar os incautos portugueses que aqui
deixam a viatura, só uma muito estranha atitude pode explicar (?) este
deixa-andar da EMEL no Miradouro de São Pedro de Alcântara. Fosse a
carripana de Fornos de Algodres ou São Pedro do Sul, de Carrazeda de
Ansiães ou Moimenta da Beira de certeza que já estava multada e rebocada
mas é belga e não está.
José do Carmo Francisco
--

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por José do Carmo Francisco às 14:14

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