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Transporte Sentimental



Segunda-feira, 01.10.12

uma leitura de 2007

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Um livro por semana 01

O «Cemitério de pianos» de José Luís Peixoto

Nos Jogos Olímpicos de 1912 em Estocolmo o maratonista português Francisco
Lázaro morreu ao quilómetro trinta. Era carpinteiro numa oficina do Bairro
Alto e vivia em Benfica. A partir deste «drama em gente» José Luís Peixoto
organiza uma ficção na qual se permite algumas fugas ao verosímil. Por isso
há passeios em Monsanto, há a telefonia a tocar, há semáforos e há telefone
na casa do carpinteiro ou seja quatro coisas que não existiam em 1912. Mas
o que José Luís Peixoto alcança é uma ponte entre a realidade real de um
carpinteiro-atleta de 1912 e uma família dum certo tempo português. Uma
família onde os alcatruzes da vida colocam amor e morte em doses iguais,
onde se respira o verso dum folheto. O verso é o seguinte: «enquanto um de
nós estiver vivo seremos sempre cinco». Tal como num poema ou numa oração,
as palavras de José Luís Peixoto ligam de novo duas realidades que o tempo
separou. As páginas deste livro são um encantatório ponto de encontro entre
verdade e ficção. Mas sem equívocos. O narrador avisa: «O tempo, conforme
um muro, uma torre, qualquer construção, faz com que deixe de haver
diferenças entre a verdade e a mentira. O tempo mistura a verdade com a
mentira. Aquilo que aconteceu mistura-se com aquilo que eu quero que tenha
acontecido e com aquilo que contaram que me aconteceu. A minha memória não
é minha. A minha memória sou eu, distorcido pelo tempo e misturado comigo
próprio: com o meu medo, com a minha culpa, com o meu arrependimento.» Este
«Cemitério de pianos» é a inesperada, fascinante e impressiva metáfora do
Tempo Português do século XX. E a prova de que a única resposta à morte só
pode ser o amor.
(Editora – Bertrand, Capa – Rochinha Diogo)
José do Carmo Francisco
--

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por José do Carmo Francisco às 09:45


1 comentário

De Luis Eme a 01.10.2012 às 15:33

gostei bastante de ler este livro.

é muito isso.

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