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Transporte Sentimental



Terça-feira, 19.11.13

J.H.Santos Barros e Ivone Chinita - memória 30 anos depois

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Nesta imagem de Filipe Medeiros a data (1983) veio recordar a minha ligação aos dois poetas que morreram num acidente de viação no Sul de Espanha. Lembro hoje Ivone Chinita. Do seu livro de 1970 («Digo Fome») editado em Angra do Heroísmo fixei o último poema do volume de 34 páginas («Emissor marítimo») deste modo: «últimas informações / do nosso emissor / mar cavado a grosso / fome até ao pescoço». Não tenho o original mas apenas fotocópias onde se percebe que a capa é de Rogério Silva, o pintor. Em «Relatório fragmentado» (1970-1973) estão presentes dois lados da sua vida: a Ilha e a Planície. Um poema ilhéu em excerto: «Quem vier da cidade vira à igreja, pode entrar, a igreja da nossa freguesia é limpa e asseada, tem madeirame para consolar. Sai da igreja, vire à esquina a primeira canada à sua direita.» E um poema alentejano em excerto do livro «Mulher em horas de ponta»: «Veio a ordem de levar meu irmão do meio e nós ficámos todos em casa à volta da mesa maior a olhar uns para os outros, pacientemente. Meu pai lentamente fumava e mastigava pevides secas». Do seu livro «Outra versão da casa» de 1980 segue o excerto de um poema dito «urbano» por ser escrito na cidade, dentro de um amarelo: «Dei-te um bofetão porque cresceste / no eléctrico impaciente assim / a mudares de lugar, a mexer / a mexer, a pagar bilhete». Na minha antologia «O Desporto na Poesia Portuguesa» de 1989 parte do poema sobre o Mundial de 1978, hoje é o Mundial 2014: «É tão dura, rija, firme a educação / que a ternura nos homens dá sopapos / pontapés, palmadas fortes nas costas / só no futebol, perante milhões / os homens têm coragem de afagar-se / estou frente a um écran em busca / de emoções, dez homens / acariciam um deles nos cabelos / só por isto vale a pena o futebol / o golo». José do Carmo Francisco --

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por José do Carmo Francisco às 16:43


6 comentários

De João Ávila a 20.11.2013 às 22:40

Justa homenagem a dois jovens que partiram tão cedo, quando ainda tinham muito para dar.
Por sinal eram meus amigos.
João Avila

De Anónimo a 29.12.2020 às 16:49

Cabe-vos ,em particular, difundir a sua obra. Muito obrigada pela partilha.

De Anónimo a 12.01.2021 às 14:14

O comentario pertence-me. Também me cabe essa responsabilidade de os dar a conhecer. Grata.
Ana Franco

De Luís Filipe Maçarico a 15.12.2013 às 02:20

A primeira vez que ouvi falar desta poetisa, foi justamente através do José do Carmo Francisco, quando acedi à Antologia referida. Um abraço.

De Ivone Chinit a 20.05.2014 às 13:24

Merecida homenagem, e faz hoje 31 anos que se perderam 2 bons poetas.

De Anónimo a 02.10.2017 às 16:07

Meus Caros,

Sou sobrinho da Ivone Chinita, e por afinidade do Santos Barros. Lembro-me deles com bastante carinho.

Estou a residir na Ilha Terceira há cinco anos, desde então procurando estas ruas que me dizem estar em São Mateus.

Podem dar-me a localização exacta? Teria muito significado para mim poder visitar este local.

Abraço
Pedro

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