Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Transporte Sentimental



Sexta-feira, 30.09.16

«a gripe e o naufrágio» de gonçalo pereira rosa

532.jpeg

Com o subtítulo de «Como as notícias representam os riscos» este livro de Gonçalo Pereira Rosa (n.1975) começa com o naufrágio do «Prestige» e continua com a pandemia da gripe «A»; funciona, pois, ao contrário do título. O ponto de partida do livro é «o estudo do tratamento noticioso de dois casos recentes, não subordinados às fronteiras nacionais mas com impactes relevantes na sociedade portuguesa». No caso do naufrágio do «Prestige» (2002) o autor analisou o conteúdo de três jornais (Público, 24 Horas e Correio do Minho) o mesmo é dizer nacional, popular e regional. Perante o problema do derrame de fuelóleo há duas atitudes. Por exemplo Fraga Iribarne afirma: «Nenhum governo pode combater os ventos». Já o vice-almirante Augusto Ezequiel recorda: «Certa vez faltavam alguns minutos para a emissão e a Alberta Marques Fernandes estava a treinar o que iria dizer mal arrancasse a emissão. E ela disse: Maré negra chegou a Portugal. Respondi: Se vai começar por dizer isso, quando me passar a palavra, eu desminto-a logo. Quando muito pode dizer «Estão a chegar manchas». A gripe «A» (2009) teve um tratamento jornalístico no qual foi patente uma confusão entre nível de alerta e nível de progressão geográfica. Chegou o cúmulo dessa confusão em 15-6-2009 quando no Telejornal quando um agente de viagens pedia aos jornalistas e ao público para perceber que a pandemia estava associada à progressão geográfica e não à gravidade do vírus mas segundos depois José Alberto Carvalho retomava o tema lembrando que «a OMS elevou há poucos dias o alerta para o nível máximo». Uma das conclusões do livro aponta para o facto de «As nossas sociedades vivem regularmente sustos de saúde muito ligados à nutrição. Ora é o mercúrio do peixe, as dioxinas dos frangos, a gripe das aves, a doença das vacas loucas. E este foi mais um susto desencadeado sem necessidade nenhuma pela ignorância de quem gere as agência que era suposto comunicar riscos, As autoridades de saúde vivem aterrorizadas com a perspectiva de que o público pense que elas são inúteis.» O humor está presente nas páginas 169, 273, 276 e 293 (António Jorge Gonçalves) e nas páginas 148, 149, 160, 259, 271 e 274/5 (Luís Afonso). O volume tem 331 páginas e esta breve nota apenas chama a atenção para ele; nada substitui a leitura deste livro. Leitura a não perder, sem dúvida. (Editora: Arranha-céus, Revisão: Elsa Gonçalves, Cartoons: Luís Afonso e António Jorge Gonçalves, Apoio: Gabinete para os Meios de Comunicação Social) --

Autoria e outros dados (tags, etc)

por José do Carmo Francisco às 12:52

Sexta-feira, 30.09.16

alexandre herculano em vale de lobos mas sempre jornalista

Image.jpg

Foi graças ao produto do seu trabalho de historiador («História de Portugal») que Alexandre Herculano (1810-1877) comprou a Quinta de Vale de Lobos (Azóia de Baixo) onde veio a produzir o premiado azeite «Herculano». Hoje porém gostaria de lembrar um livro de Jacinto Baptista (1926-1993) «Alexandre Herculano Jornalista» (Editora Bertrand). Sem mais demora vamos à primeira página desse livro: «Depois que atingiu a idade adulta e até ao fim dos seus dias, sempre, de um modo ou de outro, esteve Alexandre Herculano ligado aos jornais. Colaborou em alguns; fundou ou ajudou a fundar pelo menos dois («O País» em 1851 e «O Português» em 1853) num período em que se achou muito embrenhado na política activa ; não poucos foram aqueles que, solicitando ele próprio albergue ou a expresso convite deles, utilizou como instrumentos de ataque ou de defesa nas memoráveis polémicas em que se envolveu ou viu envolvido. Já retirado, um dia recomendou a uma alta personalidade política o responsável pela direcção tipográfica de «A Revolução de Setembro», o qual era candidato ao lugar vago de porteiro do Conselho de Estado, lembrando na carta de recomendação que «há muita gente que ainda me supõe homem de Imprensa». Alexandre Herculano, depois de se demitir do lugar de segundo-bibliotecário no Porto (em atitude de protesto contra a revolução de Setembro de 1836) inaugura em Lisboa, incumbido de redigir o semanário «O Panorama» (1837) e o «Diário do Governo» (1838), uma breve carreira de profissional de Imprensa, se não é excessivo designá-la assim, transportando a classificação para uma época em que as profissões, incluindo a de jornalista, não estavam tão definidas, delimitadas e subordinadas a um estatuto específico como hoje.» --

Autoria e outros dados (tags, etc)

por José do Carmo Francisco às 08:51


Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

Pesquisar no Blog  

calendário

Setembro 2016

D S T Q Q S S
123
45678910
11121314151617
18192021222324
252627282930