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Transporte Sentimental



Sexta-feira, 31.07.15

Vitor Damas uma biografia

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Bom dia Maria João aqui vai uma foto do livro da CML e uma caricatura de autor desconhecido assina apenas «J.J.» numas selecções desportivas. Um abraço JCF --

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por José do Carmo Francisco às 10:08

Sexta-feira, 31.07.15

«as fermosas metamorfoses» de rui zink

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«Narcóticos» de Camilo Castelo Branco ou «Aprendiz de Feiticeiro» de Carlos de Oliveira são dois exemplos muito conhecidos daquilo que, para muitos, é o livro ideal –a miscelânea. Praticante das notas de leitura publicadas em jornais, revistas e programas de rádio desde 1978, muito cedo cheguei ao quase «lugar-comum» de afirmar «Toda a literatura é uma homenagem à literatura». Como é aqui o caso. No primeiro texto deste livro é Frank Kafka o homenageado no centenário da publicação de «A metamorfose». Tal homenagem consiste na narrativa ao contrário da sua novela famosa; ao contrário porque em vez de acordar metamorfoseado num insecto monstruoso, Gregor Samsa acorda como «pessoa normal». O segundo texto parte de um incidente quotidiano («Cortaram-me a electricidade») para alcançar uma dissertação sobre o romance: «A tessitura de um romance pede um misto de crença e descrença. Crença na nossa capacidade de reescrever o Mundo; descrença na capacidade do Mundo de ficar melhor do que o que é». Partindo do trabalho do escritor («fingir que trabalhamos a superfície a fim de escavarmos o que nos cala bem fundo. Dizer as palavras para fazer falar o silêncio») chega-se a uma conclusão: «a realidade é perder. Perder é que é real. Não conseguir fazer as coisas que nos propomos fazer é que é real. A verdade está aí, a essência da vida está aí: no fim todos morremos, até o herói, até o filho de Deus feito homem morre. Todos somos derrotados. A derrota é verdade; a vitória – pura ilusão.» O terceiro trabalho («Monzeit») é uma original biografia de alguém que foi conhecido de poucos e deve a Baptista Bastos sem hífen um retrato bastante elogioso numa crónica dos anos 50. Trata-se dum pretexto para revisitar o sistema cultural português: «Em Portugal a vingança é apenas uma questão de paciência». No fim da viagem a alguns aspectos da cultura portuguesa, fica uma ideia: se Monzeit não existiu resta-nos sempre ao menos o livro de crónicas de Baptista Bastos. Sem hífen, para dar mais peso ao mistério. Em «Aquashow» ou em «A gaivota e o peixe» é o insólito que se instala no quotidiano tal como em «Largar Kristeva» quando um homem diz em brasilês para o outro: «Você está sozinho e você se apaixonou por uma garota metade da sua idade, cara pra caramba e que agora quer um bebê.» Na peça de teatro «Pandora boxe» um jovem casal aguarda que os homens da água, da luz e do gás façam ligações na casa nova mas o pano de fundo é o drama de terem quase 40 anos: «Divorciam-se porque começam a beber. Ficam sem direitos sobre os filhos excepto de os pagar e de os ver de duas em duas semanas, para os putos lhe mostrarem o quanto os odeiam por terem deixado a mãe…» Nota final: uma bela miscelânea, uma homenagem à literatura. (Editora: Teodolito, Editor. Carlos da Veiga Ferreira) --

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por José do Carmo Francisco às 09:46

Quinta-feira, 30.07.15

«procissão dos passos» de abel varzim

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Abel Varzim (1902-1964) foi ordenado sacerdote em 1925 e doutorou-se em Ciências Político- Sociais em 1934 na Universidade de Lovaina. Na Bélgica conheceu o fundador da JOC Joseph Cardjin, o filósofo Jacques Maritain e o desenhador Hergé, tendo trazido as primeiras pranchas do «Tintin» para Portugal. Fundador da LOC e da Rádio Renascença, foi pároco da Encarnação (Bairro Alto) entre 1951 e 1957. Este livro regista as suas vivências, dores e perplexidades perante um problema que lhe surgiu paredes meias com a casa paroquial: a prostituição. Abel Varzim adverte: «há, portanto, que ter nojo do pecado e não o ter dos pecadores. Condenar o pecado mas não condenar os pecadores». Nesta breve nota a chamar a atenção para o livro (muito actual, apesar do tempo que passou) citamos uma parte da página 32: «A Procissão dos Passos é de todos os dias mas não tem andores, nem música nem anjinhos. Tem dores, angústias, desesperos, lamentos, lágrimas e chagas. São os ódios de raças, as lutas fratricidas, os colonialismos e os anti-colonialismos, os campo de concentração, a opressão das consciências, as limitações da personalidade, da liberdade e da consciência humanas, a fome, o desemprego, os bairros de lata, os acidentes de trabalho ou de estrada, as prepotências e os desmandos do capital, as revoltas surdas ou abertas do trabalho, a exploração de menores (…)» Neste olhar lúcido do Padre Abel Varzim sobre o Bairro Alto se descobre uma grande surpresa: «muita gente, incluindo frequentadores da igreja, vivia da prostituição, alugando quartos às prostitutas, tratando-lhes das roupas, cuidando-lhes dos filhos, acoitando mancebias. Desde que lhes pagassem, tudo lhes parecia permitido.» (Editora: Cáritas Portuguesa/Fórum Abel Varzim, Apresentação: Paulo Fontes, Testemunho: Juan Francisco Ambrosio) --

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por José do Carmo Francisco às 18:59

Quarta-feira, 29.07.15

«o assassino do aqueduto» de anabela natário

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Anabela Natário (n.1960) iniciou-se no jornalismo em 1981 (Correio da Manhã) e na ficção em 2008 com 177 biografia de mulheres portuguesas - «Portuguesas com História», uma edição do Círculo de Leitores. Este seu recente «O assassino do aqueduto» define-se na capa como «A arrepiante história de Diogo Alves, o homem que aterrorizou Lisboa no século XIX» mas não deixa de ser um inventário dos crimes que este assaltante cometeu com a sua quadrilha. O ladrão tonava-se, de um momento para o outro, um assassino. Mas um assassino frio que apenas diz à sua amante Parreirinha: «O roubo se fez e toda a família espichada ficou. Não se pôde fazer por menos.» A origem galega de Diogo Alves surge nas palavras que dirige a Maria da Conceição na noite do assalto a casa do doutor Pedro de Andrade: «quédate-quédate-belha». Tal como num bom romance policial, o enredo não se limita a procurar o assassino que mais tarde será punido pois nestas 299 páginas Anabela Natário cruza várias referências da política, da sociologia e do jornalismo da época (1841 é o ano da condenação) construindo neste livro uma memória qualificada do tempo português que vai mais longe do que o limite da figura tenebrosa de Diogo Alves e sua quadrilha. A leitura deste livro torna-se imparável como imparável parecia a sucessão de feitos (assaltos e assassínios nocturnos) de Diogo Alves que só o juiz Bacelar consegue deter.
Alguns pormenores como a referência «ribatejano» (Província criada em 1936), a troca de «de mais» por demais, Correio dos Pobres por Periódico dos Pobres, «previdências» por providências, «pousar» por posar, «bragantino» por bracarense, «beiras» por Beiras, «humanidade» por Humanidade, «baixa» por Baixa ou Fonte «Nova» por Fonte Santa não alteram em nada o fascínio da leitura. Um livro a não perder, sem dúvida. (Editora: A esfera dos livros, Foto: Tiago Miranda) --

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por José do Carmo Francisco às 07:36

Terça-feira, 28.07.15

«as primerias coisas» de bruno vieira amaral

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A literatura é o estilo da escrita mais o sangue pisado da vida. Se é só estilo fica-se pelo exercício; se é só sangue pisado fica-se pelo testemunho. Bruno Vieira Amaral (n.1978) tem o segredo feliz da mistura que resulta. O ponto de partida é o Bairro Amélia e a sua paisagem («candeeiros de globos partidos, balizas ferrugentas, paredes encardidas, bancos lascados») mas a paisagem não existe por si. É povoada por gente: no «bairro dos retornados» vive um «exército de derrotados». O protagonista descobre um livro com poemas de Pablo Neruda num caixote do lixo e percebe: «encontrar consolo na arte é um razoável substituto da religião». O seu regresso ao Bairro de onde saiu é impossível: «Os meus amigos já lá não estavam, as pessoas que eu amara tinham morrido, a idade não me permitia visitar aos lugares queridos sem sentir que o meu corpo era demasiado grande para o tamanho desses espaços na memória, que eu era demasiado novo para o conforto da nostalgia». O Bairro Amélia é o pretexto para a viagem no tempo e na memória. Também no amor: «Os amores de infância duram para sempre, como múmias. São mausoléus erigidos à própria ideia de amor. Cuidamos deles como da campa de um ente querido». Ou então na luz da realidade: «Ao contrário das fotografias, a realidade tem pouca luz». O que mais impressiona nesta escrita sobre uma cartografia particular é a sua segurança. Bastam dois exemplos. Na página 92 um texto sobre a Mãe: «Os filhos são os parasitas da mãe. Comem-lhe o coração que cresce da noite para o dia para que nunca lhes falte o pão-coração. O que é que a mãe quer? A mãe não quer nada. Quem tem mãe, tem tudo, diz a quadra, e quem é tudo não precisa de nada». Na página 117 um texto sobre a morte: «O bailado de Ernesto, o seu lábio descaído, as suas rotinas, o chocalhar dos trocos na bolsa, a casa onde não tinha ninguém à espera, a sua tristeza imponderável, os pensamentos íntimos, a sua felicidade secreta, a morte rápida sem demasiado sofrimento, a perfeição». Uma confusa distribuição de itálicos, deixando de fora palavras como palyboy, collants ou old spice e marcas como Pingo Doce, Ovolmatine ou Teobar, a referência a Sarilhos por Sarilhos Pequenos ou Sarilhos Grandes (71), a troca de letras em Loanda e Luanda (194-196), o tabaco SG Ventil ou só Ventil (162-163) ou a troca de Alto por Baixo Alentejo (249) são pequenas discrepâncias que em nada alteram a cotação deste primeiro romance: muito bom. (Editora: Quetzal, Capa: Rui Rodrigues) --

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por José do Carmo Francisco às 22:45

Segunda-feira, 27.07.15

«os dias não estão para isso» de nuno costa santos

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Partindo de citações de versos de Fernando Assis Pacheco, Alexandre O´Neill e um conto de Raymond Carver, o poema-chave deste livro de Nuno Costa Santos (n.1974) é o da página 18 («Os dias não estão para isso») porque os dias de hoje não estão para aquilo a que se convencionou chamar «a transcendência». O poeta vive, uns após outros, o «ranço dos meses horizontais» e convive com os casais que são fantasmas imobiliários - «São como fantasmas / cansados de subir / quatro andares sem elevador». Os dias de hoje são insólitos, as flores e a morte lado a lado: «No dia em que a televisão revelava uma nova hemorragia terrorista, desta vez em Madrid, uma antiga empregada fez sem aviso uma visita e espalhou pela casa flores do seu jardim de Fernão Ferro.» Um pouco à maneira de Cesário Verde que procurava na Poesia «A perfeição das coisas», Nuno Costa Santos procura decifrar «em cada relance, / o fim das coisas». A vida está afinal em todo lado («Abre todos os dias / o tablóide à procura de / uma notícia com o seu nome») tal como a morte: «Escondia ainda a doença nessa primeira vez que chegava das ilhas». É essa oscilação entre vida e morte, entre luz e sombra, entre júbilo e amargura, essa re-ligação que os poemas inscrevem em todas as páginas deste livro. E que o poema da página 45 resume: «Não esperes que te amem. / Não esperes que te aprovem / pela escrita e pela vida. / Lembra-te que na dúvida / as pessoas não amam. / Que antes da dúvida / há muitos territórios / e nenhum deles é o amor.» (Editora: Livramento, Grafismo: José Albergaria e Júlia Vieira) --

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por José do Carmo Francisco às 22:07

Domingo, 26.07.15

fontes - um lugar para os três mundos

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A fotografia mostra um lugar para os três mundos – animal, vegetal e mineral. O céu por cima tem nuvens carregadas que sugerem chuvas de pingos grossos, capazes de colar à terra o pó deixado pelo vento. Chamam objectiva à lente da máquina mas o que eu sinto é uma subjectiva melancolia, uma tristeza sem referências, uma sombra que se instala no preto e branco da memória. Porque é de uma memória que se trata, quando esta fotografia me surgiu no café. Nessa memória, cabem todas as casas, todas as vozes, todos os tempos de quem viveu nestes lugares submersos e deles partiu sem olhar para trás. No seu olhar havia rancor, havia espanto, havia revolta. O seu mundo acabou demasiado depressa, sepultando em filmes a preto e branco a memória dos homens que empurravam pinheiros até ao Rio Zêzere com juntas de bois e, mais tarde, recolhidos na Praia do Ribatejo por outros homens com longos garfos de ferro. A massa líquida forma no centro da fotografia um «v» talvez de vencido a lembrar tudo o que se perdeu nas pequenas aldeias submersas em 1950. À esquerda temos as casas, o fumo das chaminés, a vida que se pressente no Souto e na Bairrada. Ao centro as Fontes a preto e branco tal como a vida que, todos os sabemos, não é a cores. À direita notam-se as casas da Portela e da Cabeça Ruiva, seus rituais e sua azáfama de todos os dias. Mais à direita ainda fica a Ilha do Lombo, antiga montanha que a força da água mudou na sua inesperada geografia. Era um monte; chama-se ilha. Às vezes passam barcos velozes na sua espuma breve e são como vírgulas inesperadas que uma borracha vai apagando para voltar a calmaria. Do lado de lá da massa líquida do Castelo de Bode fica a Serra de Tomar: chegam aqui foguetes e músicas de festa uma vez por ano nos festejos da padroeira. Os que foram obrigados a sair à pressa das suas casas, do fogo da lareira, do calor das mantas no Inverno, das memórias pessoais de cada vida humana, esses nunca tiveram padroeira e hoje nem os nomes das localidades submersas se recordam nas publicações para os turistas. Na Casa do Barroquinho, Tomás, Lucas e Pedro nada sabem do passado. Os três somam 16 anos de idade e olham para a massa líquida da varanda da casa dos avós do mais pequeno. O carro do pão apitou às 9 e 30 com a pontualidade dos relógios. Lá dentro há pão de fôrma, bolos, broa de milho, carcaças, a abundância que os avós perseguiram em anos de sacrifício. A Albufeira faz 65 anos, eles somam 16 anos nas suas três idades mas a fotografia continua a sugerir o rancor, o espanto e a revolta de quem, no princípio de tudo, partiu para longe e não olhou para trás. --

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por José do Carmo Francisco às 23:05

Sábado, 18.07.15

«a casa de bragança» de ernesto rodrigues

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Podia ter como título «A cidade suspensa» este misto de Natureza e Cultura, Geografia e Memórias, Pedras e Gerações, mistura viva a cruzar uma narrativa de 282 páginas. Seu autor, Ernesto Rodrigues (n.1956) parte de uma memória («catorze gerações desde 1014») e de uma concepção de literatura («murmurado afecto») para se declarar: «Para ti, leitor posto em assédio, construo bairro de letras, onde seja agradável passear; instalo outra casa de água viva, borbulhante, que refresque e alimente; ergo um castelo de enigmas, como na infância dos homens, disposto a ser conquistado». A narrativa é organizada por Afonso Roiz, homem que, entre outras aventuras, trouxe do arraial de Ceuta a carta de foral dirigida à nova cidade de Bragança em 20-2-1464. Aqui casaram D. Pedro e D. Inês no ano de 1353 mas já me 1351 o Infante tinha caído na simpatia do Povo: «Era muito amado dos povos e mais dos pobres, aos quais em 12 de Janeiro de 1351, garantia que, à sua saída do concelho, o pão fosse vendido ao preço de um mês antes da sua chegada.» Seu filho, D. João de Portugal e Castro, fica assim descrito: «Estar bem consigo mesmo, com os próximos e maiores, enfim, com Deus, é a primeira e sólida pedra no castelo a edificar que D. João de Portugal e Castro não soube esculpir. Em troca ganhou dor no coração, fundiu-se em lágrimas, fez-se deveras contrito, levou longe o verdadeiro arrependimento, que se perdeu em Espanha e, com ele, perdeu o reino.» Organizado em 3 grupos de 14 capítulos mais 4 textos (Prólogo, Desenlace, Enlace e Epílogo) esta aventura oscila entre o passado e o presente, entre Europa e África: «deslocaram-nos para Fez em 25 de Maio de 1438, um domingo luminoso, carregados de bagagens e alimentos. As bestas de carga eram magras, sem arreios decentes e chamar àquilo cilhas era favor, imundas como a inteligência dos nosso carrascos.» Em 5-6-1443 morre D. Fernando, o Infante Santo: «O próprio Lazeraque, depois de tanto o insultar como perro e cão, de lhe atirar à cara com restos de cuscuz, ao saber disto, falou, por uma vez verdade, dizendo que D. Fernando nunca mentiu e que pecado mortal estava em quem o abandonara.» No lance seguinte da aventura, em Alfama lembrando Fez, a mulher que vem com o narrador escolhe um vocabulário simples: «trégua, guarda, espora, bandeira, estribo, elmo, toalha, fato, banco, roca, bordar, frasco». O narrador fala de si («Estou velho e acabado. Há trinte e três anos perdi o último avô. Tenho sessenta e seis») lembrando uma frase que é uma divisa: «Quem teme a morte perde o prazer da vida». Aventura fascinante que não explica em poucas linhas, este livro oscila entre Literatura e Jornalismo, entre dois tempos sociais (Quatrocentos / Século XXI) e também pessoais : «Este país que eu também sou, esteve à beira do abismo de ser grande, ao fechar Quatrocentos laborioso. Porque feneceu?» (Edição: Âncora Editora, Capa: Sofia Ferreira de Lima, Foto: Nuno Calvet) --

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por José do Carmo Francisco às 10:31

Sexta-feira, 17.07.15

a propósito do campeãp nacional de 195/758 o sporting

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Há muitos anos um professor de História disse-me uma coisa que nunca esqueci a propósito da data falsa do nascimento do SLB (1904) acolhida por muita gente dos jornais, contra o princípio de que só há Historia quando há documentos. Não havendo nenhum documento a referir o SLB antes de 1908 não é possível sem mentir indicar outra data. O professor sorriu e proclamou: «VOCÊ TEM RAZÃO MAS NINGUÉM LHA DÁ!» E, por fim, concluiu com tristeza: «ISTO ESTÁ TUDO DOMINADO POR ELES!» E está. Vem tudo isto a propósito do livro «Futebol» editado pelos CTT e da autoria de Homero e Vítor Serpa. Na sua página 177 o livro refere a lista dos vencedores do campeonato nacional da I Divisão. E na época desportiva de 1957/58 aparece como campeão o SLB mas é mentira. O campeão nacional de 1957/58 foi o Sporting Clube de Portugal e esse facto está devidamente registado num livro editado por A BOLA cujo título é «História de 50 anos do Desporto Português» e na página 90. No livro editado pelos CTT lá aparece o mesmo erro crasso: chama campeonato à Liga disputada entre 1935 e 1938, fingindo não perceber que nesses anos se disputou a única prova que dava o título de campeão ao seu vencedor – o Campeonato de Portugal. O Torneio da Liga foi uma prova particular, privada e experimental, sendo os seus jogos realizados nos domingos deixados livres do Campeonato de Portugal. Os clubes eram convidados e aconteceu até por isso com a Académica que foi o último classificado no primeiro ano mas voltou a jogar no ano seguinte. A razão que levou os «historiadores» do SLB a tentar apagar o Campeonato de Portugal dando relevo à Liga é que o SLB venceu 3 desses 4 torneiros. Trata-se de uma mistificação miserável mas como dizia o professor catedrático de História «Isto está tudo dominado por eles!» --

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por José do Carmo Francisco às 14:08

Quarta-feira, 15.07.15

«a mochila mágica e outras estórias» de nuno, luís e rodrigo costa santos

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«O peixe sapato», «A escova preocupada» e «A nuvem e a baleia» são as «outras estórias» referidas no título deste livro feito a seis mãos. Nuno (39 anos) e Rodrigo (9 anos) assinam os textos e Luís Costa Santos (7 anos) responde pelas ilustrações numa edição apresentada no Espaço Açores (Elias Garcia) cujos direitos de autor são doados à Associação Coração Amarelo – uma entidade onde o trabalho principal consiste em fazer companhia aos idosos. Há nestas quatro histórias uma dose substancial de coisas insólitas, divertidas e inesperadas. O mesmo será dizer que o humor anda aqui à solta. Vejamos em poucas palavras o que cada uma revela ao leitor. Em «O peixe sapato» um menino deixa cair um sapato no Oceanário e o sapato transforma-se em peixe. Em «A escova preocupada» há um menino que ao dizer disparates se afirma rei de Portugal e do Brasil (onde não há reis) e tudo termina com uma pergunta inesperada: «Quem é que lava os dentes à escova de dentes?» Em «A nuvem e a baleia» as duas combinam a troca de morada por telemóvel indo a baleia para o céu e a nuvem para o mar. Por fim em «A mochila mágica» a dita mochila é misteriosa porque «os meninos na altura de chegarem a casa já tinham os trabalhos feitos» A moral da história é simples: num tempo em que circula a ideia oposta (pode haver prémio sem esforço) esta história relembra um velho princípio que nenhuma moda pode derrubar - «só com muito trabalho se alcançam resultados». O pai (Nuno Costa Santos) já integra desde 2004 o espaço público dos livros, das revistas e do jornalismo (jornais, rádio e TV) mas os jovens Rodrigo e Luís, de 9 e 7 anos, o primeiro a escrever e o segundo a desenhar, são uma inesperada, confortante e agradável revelação. (Editora Escritório - www.escritorioeditora.com) --

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por José do Carmo Francisco às 11:10

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