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Transporte Sentimental



Sábado, 23.05.15

«rio sem margem II» de zetho cunha gonçalves

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«Poesia de tradição oral» é o subtítulo a explicar a origem dos poemas de Zetho Cunha Gonçalves (n.1960) que aqui realiza um trabalho aturado de oficina sobre as canções, os poemas, os provérbios e as adivinhas de 18 Povos de Angola. São eles que formam o mosaico cultural, linguístico e étnico do país. Depois de uma advertência («A poesia tem a idade da voz humana») uma conclusão: «se é verdade ter sido África o berço da Humanidade, então é em África que está, também, o berço da Poesia.» Se, na pressa da notícia, tivesse que escolher um poema ficaria com a página 62: «Se me aproximo dos ratos, / dizem que tenho asas; / se me dirijo aos pássaros, / fogem de mim / dizendo que tenho dentes – o morcego.» Mas um livro de 115 páginas e com 2 capítulos não se pode definir por um poema. Olhemos a terra e o mundo: «Eis aqui um poço: / areia de um lado, / do outro - argila. / Assim a Terra: / morte e dor de um lado / do outro - festejos, celebrações.» Vejamos o louvor da paciência: «O apressado / assa o seu naco de carne / no fumo.» Passemos pela sabedoria do poema «O ventre materno»: «O ventre materno / é como um cruzeiro / de caminhos / - nunca mais / nos encontrámos.» Terminemos a citação com a linha «poesia/sabedoria/beleza» do poema «O sol e a chuva»: «Não roubes à chuva / a sua nuvem: / - lá, / onde se levanta / e nasce, / o Sol / não se extingue. / Não roubes à chuva / a sua nuvem / - porque as nuvens / são os sapatos do céu.» (Editora: NÓSSOMOS, Capa: tambor lunda (espirais majinga), Email: etutanu@gmail.com) --

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por José do Carmo Francisco às 18:18


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