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Transporte Sentimental



Sexta-feira, 08.05.15

«livro de reclamações» de antónio ferra

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A imagem da capa (Nicolau Tolentino de Almeida) propõe ao leitor a sátira ao tempo e à cidade, seus tipos e seus poetas, seus sem-abrigo e vagabundos atentos aos negócios públicos: «Fecham maternidades / e só ficam pizarias / com site na internet / fecham as lojas de bairro / cortam o burgo às fatias / tirando como quem mete». A cidade deste livro faz promoções («Compre agora / que está em promoção / compare os preços / e não perca a ocasião / de mudar a sua vida»), obriga o cidadão a tirar senhas («Tire uma senha / aguarde a sua vez / e fique na fila de espera»), obriga-o a moderar atitudes («Não seja rico nem pobre / coma pouco mas refreie o seu fastio») e também o obriga a aceitar o tempo atmosférico: «Este tempo é uma vergonha / tanto chove num retiro / como a noite engana o sol / disfarçada de vampiro». Na cidade dos peraltas, das góticas e das tatuagens, onde a poesia é caríssima («Ainda ontem tomei um copo de leite / e uma bola de Berlim, qual Belarmino na ressaca») o poeta afirma uma certeza («andamos todos a ler-nos uns aos outros») antes de sugerir o livro de reclamações: «Tens a porta aberta, alma de cigano / aerofagia, silêncios, depressões? / protesta a tua insanidade amarga / no livro de reclamações / que ninguém lê, pois se banalizaram os gemidos / as folhas soltas, a identificação dos pruridos / e das gralhas não revistas por má-fé». (Editora: Fabula Urbis - Rua Augusto Rosa, 27 Lisboa) --

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por José do Carmo Francisco às 11:05


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