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Transporte Sentimental



Terça-feira, 05.05.15

«respirar pela água - respirare attraverso l´acqua» de joão rui de sousa

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João Rui de Sousa (n.1928) começa por publicar poesia em revistas (Notícias do Bloqueio, Cadernos do Meio-Dia, Cassiopeia) antes de se estrear em livro no ano de 1960 com «Circulação» - Moraes Editores. O seu mais recente livro é «Quarteto para as próximas chuvas» de 2008 – Publicações D. Quixote. O ponto de partida desta antologia de 132 páginas é Portugal, o «País enterrado no peito»: «Porque há um país de fado / que a própria boca transforma / porque há um peixe-soldado / cercado bem na redoma / porque há um cheiro de ossos / na casa destes avós». Nesta Poesia lado a lado coexistem a Agricultura («É preciso recolher as vagens / e dispô-las no chão / É preciso beijar as plantas / ou cortá-las ao meio / E ter sempre uma enxada / uma discreta atenção / ao silêncio da terra / ao calor das abelhas») e a Arte Poética: «Estreitos são, afinal, todos os caminhos. / Por eles terá de viajar a carne dos poemas. / Quase sempre as palavras serão sombras, / de puras circunstâncias, acidentes fortuitos, / pedaços de papel caídos na berma dos passeios… / Mas é por elas que se recortará o rosto do real.» O Poeta olha o Mundo («O mundo é vasto e a fome é grande») na dupla inscrição da vida e da morte. A Vida no poema «Diálogo» - «Um dia hás-de entender como nasci / entre mortais descuidos (e quedas, sobressaltos) / ou como fui crescendo por temores e lutos / nem sempre visíveis no vocabulário». A Morte surge no mesmo poema mas noutra página: «Um dia voarei pelos outeiros / que pairam no destino. / E tu serás um lírio sempre lesto / a florescer ao meio do coração.» O poema inédito do livro, dedicado a Giacomo Leopardi, pode funcionar como o resumo deste conjunto: «Que significa a vida? Para que serve / o esforço, a luta, a esperança, o gesto / de desprezo ou de amizade, o estar / em palco só para que os outros vejam / algum possível brilho ou mesmo um escorrer / de oculta petulância, a esconder fraquezas /(que são tantas) da nossa compleição / tão frágil? Quem verdadeiramente ouve / ou capta a discreta grandeza de uma voz / não só insubmissa e livre, mas fiel / às dores, à densidade e à estranheza / de quanto perfaz a condição humana?» (Editora: Edizioni dell´Orso, Capa: Eduardo de Freitas, Tradução: Alessandro Granata Seixas e António Fournier, Prefácio: Alessandro Granata Seixas, Posfácio: António Fournier, Apoio: Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas) --

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por José do Carmo Francisco às 10:07


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